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Brexit. O que diz quem está do lado de Boris Johnson no pedido de suspensão do Parlamento?

Brexit. O que diz quem está do lado de Boris Johnson no pedido de suspensão do Parlamento?
Matthew Horwood/GETTY IMAGES

Os críticos afirmam tratar-se de uma tentativa de impedir que os deputados travem um Brexit sem acordo. Mas os defensores sublinham que a atual sessão legislativa já vai longa e que a ação do primeiro-ministro está “dentro das suas competências”. Os partidários do ‘Remain’ já “conseguem ver a sua oportunidade de subverter a democracia a esfumar-se”, sentenciam

Brexit. O que diz quem está do lado de Boris Johnson no pedido de suspensão do Parlamento?

Hélder Gomes

Jornalista

O pedido do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, de suspensão do Parlamento, feito esta quarta-feira e já aceite pela Rainha Isabel II, provocou a ira de muitos deputados e opositores de um Brexit sem acordo, além de uma onda de protestos.

O Governo alega que a suspensão de cinco semanas dos trabalhos parlamentares, entre setembro e outubro, ainda dará tempo para se debater o plano de saída do Reino Unido da União Europeia (UE) antes de 31 de outubro. No entanto, os críticos disseram tratar-se de uma tentativa de impedir os deputados de travarem um Brexit sem acordo.

Em entrevista ao Expresso, a vice-líder dos Verdes britânicos, Amelia Womack, classificou o pedido de suspensão como uma “aberração democrática”. A dirigente ecologista não tem dúvidas de que o pedido visou impedir os deputados de discutirem uma possível alternativa a uma saída desordenada: o primeiro-ministro “tenta manietar os deputados que não se querem submeter à sua vontade”.

Johnson insiste em dizer que pretende um Brexit com acordo mas que prefere sair sem um do que falhar o prazo do Halloween.

“Um Brexit sem acordo é o único Brexit disponível”

“Ver aqueles defensores da permanência na UE, que conspiram contra o primeiro-ministro e o Brexit, a lutarem pelo que chamam de Parlamento do povo e a perderem a aposta, incapazes de esconder a sua fúria, foi revelador”, classifica Craig Whitington, que se define como um “apaixonado defensor da saída”. Até há bem pouco tempo, era diretor executivo do Time Party, uma formação que pretende “preservar, proteger e defender a integridade territorial, a soberania e a independência do Reino Unido”.

A reação dos defensores do ‘Remain’ “sugere que o Brexit e a democracia serão cumpridos”, prossegue Whitington, em declarações ao Expresso. “Espero um Brexit sem acordo porque, na minha perspetiva, é o único Brexit disponível e o Reino Unido pode ter acabado de dar mais um passo nesse sentido”, defende.

Jacob Rees-Mogg
DANIEL LEAL-OLIVAS/AFP/Getty Images

O líder da Câmara dos Comuns, Jacob Rees-Mogg, lembrou que esta sessão parlamentar é uma das mais longas em quase 400 anos e que, por isso, era correto suspendê-la para se dar início a uma nova. Num artigo publicado no jornal “The Daily Telegraph”, o conservador sugere que a única “crise constitucional” está a ser causada por aqueles que se opõem aos resultados do referendo de 2016.

O ‘Leave’ venceu a consulta popular, com pouco menos de 52%, e o ‘Remain’ ficou um pouco acima dos 48%.

“A responsabilidade de um ‘no deal’ pesará sobre os ombros da UE”

A líder do Partido Unionista Democrático, Arlene Foster, também saudou a decisão do primeiro-ministro, que diz estar “dentro das suas competências”. Contudo, alertou que os termos do acordo do seu partido com os conservadores teriam agora de ser revistos.

“É perfeitamente normal que novos Governos tenham um novo discurso da Rainha de forma a implementarem uma nova agenda”, relativiza ao Expresso a diretora e fundadora do movimento Stand Up 4 Brexit, Rebecca Ryan. “Os defensores de linha dura da permanência estão a ficar extremamente perturbados porque estão a sair-se mal nas sondagens e conseguem ver a sua oportunidade de subverter a democracia a esfumar-se. O Reino Unido deixará a UE a 31 de outubro, com ou sem acordo. Se a UE continuar a oferecer apenas um acordo punitivo, a responsabilidade de um ‘no deal’ pesará sobre os seus ombros”, sentencia.

Também o Presidente dos EUA, Donald Trump, manifestou o seu apoio a Johnson, através de uma mensagem no Twitter.

“Será muito difícil para Jeremy Corbyn, o líder do Partido Trabalhista britânico, procurar obter um voto de desconfiança contra o novo primeiro-ministro Boris Johnson, sobretudo tendo em conta que Boris é exatamente o que o Reino Unido tem procurado e provará ser excelente. Amo o Reino Unido”, escreveu.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: hgomes@expresso.impresa.pt

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