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Brasil aceita doação de €11 milhões do Reino Unido para combater incêndios na Amazónia

Brasil aceita doação de €11 milhões do Reino Unido para combater incêndios na Amazónia
Universal Images Group/Getty Images

A oferta foi feita por um representante do primeiro-ministro britânico durante uma conversa telefónica com o ministro brasileiro das Relações Exteriores e aceite no decurso da ligação. O Presidente brasileiro começou por rejeitar a oferta de 18 milhões do G7 para depois fazer depender a sua aceitação da retirada pelo homólogo francês do que apelidou de “insultos”

Brasil aceita doação de €11 milhões do Reino Unido para combater incêndios na Amazónia

Hélder Gomes

Jornalista

O Ministério brasileiro das Relações Exteriores informou esta terça-feira que o Governo aceitou uma doação de 10 milhões de libras (cerca de 11 milhões de euros) do Reino Unido para combater os incêndios florestais na Amazónia. Segundo a tutela, a oferta foi feita por um representante do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, durante uma conversa telefónica com o ministro Ernesto Araújo e aceite no decurso da ligação.

A TV Globo cita ainda o Itamaraty, que diz que falta definir como será feita a transferência “no nível técnico” e que, para ser concluída, a doação terá de “atender às orientações do Governo brasileiro”.

Horas antes, Otávio Rêgo Barros, o porta-voz do Presidente Jair Bolsonaro, afirmara que o Executivo pode aceitar doações de países e organismos internacionais para combater os fogos desde que fique responsável por gerir os recursos. O Governo “não rasga dinheiro”, sublinhou, acrescentando: “Esses apoios e esses recursos financeiros devem ser acolhidos pelo Governo brasileiro. E pelo Governo brasileiro, pela governança brasileira, [devem] ser empregados.”

Quantia aceite faz parte da oferta do G7?

Na segunda-feira, no último dos três dias da cimeira do G7, em Biarritz, o Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou uma ajuda de cerca de 18 milhões de euros do grupo dos sete países mais industrializados do mundo (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido). No entanto, ainda nesse dia, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, informou que Brasília rejeitaria a oferta. No dia seguinte, Bolsonaro fez depender a aceitação da ajuda da retirada por parte de Macron do que apelidou de “insultos” proferidos pelo Presidente francês.

Os últimos dias foram marcados por uma azeda troca de palavras entre os chefes de Estado francês e brasileiro, tendo Macron acusado Bolsonaro de mentir sobre os compromissos ambientais assumidos pelo Brasil. As divergências chegaram a atingir a primeira-dama francesa e a comprometer o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Enquanto Bolsonaro exigia respeito pela soberania do seu país, Macron defendia que o Brasil merece um Presidente “à altura do cargo”.

Sendo o Reino Unido parte do G7, impõe-se perguntar se os 11 milhões de euros que o Brasil aceitou fazem parte dos 18 milhões oferecidos pela totalidade do grupo. A TV Globo refere que o Governo britânico não informou o Itamaraty se o valor doado será descontado do montante anunciado pelo G7.

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