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Sondagem mostra que 96% dos eleitores de Bolsonaro estão contra a desflorestação da Amazónia

Sondagem mostra que 96% dos eleitores de Bolsonaro estão contra a desflorestação da Amazónia
MAURO PIMENTEL/Getty

A política não parece entrar nesta discussão, apesar de parecer que sim, a julgar pelos discursos dos últimos dias. Uma esmagadora maioria dos brasileiros (96%) diz que é preciso proteger a Amazónia e que a desflorestação é um perigo, uma percentagem que se repete junto daqueles que admitem ter votado em Jair Bolsonaro, um presidente que não considera essencial a proteção da floresta se a volta da moeda for uma melhor economia

Uma esmagadora maioria dos brasileiros, incluindo aqueles que se dizem apoiantes do presidente Jair Bolsonaro, defende a proteção da floresta da Amazónia, mostra uma sondagem da Ibope. Respondendo à pergunta: “Devem o presidente Jair Bolsonaro e o Governo Federal aumentar as medidas de fiscalização para impedir o desmatamento ilegal na Amazónia?", 96% dos entrevistados dizem que sim, uma percentagem que se repete entre os eleitores do presidente.

A Amazónia tornou-se tema mundial nos últimos meses devido à escalada no número de queimadas: segundo o Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, que analisa imagens de satélite, houve um aumento de 84% nos focos de incêndio na região nos primeiros seis meses deste ano em relação ao mesmo período de 2018.

Tão fortes são os incêndios que na segunda-feira o céu de São Paulo ficou coberto de negro, devido à concentração de fuligem que se encontrou com uma frente fria.

Ricardo Salles, o ministro do Ambiente brasileiro, alegou estar-se perante um incidente de “notícias falsas” e negou qualquer associação entre a escuridão com os fogos na Amazónia. O climatologista Carlos Nobre, um dos maiores estudiosos da Amazónia, acabou por confirmar o fenómeno.

Os incêndios registados na Amazónia durante este ano são já um recorde bastante assustador: 72.843. Jair Bolsonaro revelou que se trata de queimadas e foi irónico: “Antes chamavam-me capitão motosserra. Agora estou sendo acusado de tocar fogo na Amazónia. Nero! É o Nero tocando fogo na Amazónia. É a época das queimadas por lá”.

De volta à sondagem, 88% dos eleitores, no geral, concordam totalmente ou em parte com a expressão "a Amazónia é motivo de orgulho nacional", uma percentagem que sobe para 90% entre eleitores de Bolsonaro. A ampla maioria (93%) também concorda, total ou parcialmente, que a desflorestação ilegal na Amazónia é preocupante e que a imagem do Brasil é prejudicada por isso.

O que quer dizer que o posicionamento político dos cidadãos não tem muita influência na forma como a importância desta enorme manta verde é percepcionada. "Apesar da presunção geral de que o assunto gera divergência entre conservadores e progressistas, as nossas sondagens revelam que tanto parlamentares quanto eleitores de espectros políticos opostos concordam numa coisa: a Amazónia é motivo de orgulho nacional e preservá-la é fundamental para nossa identidade e a saúde do meio ambiente do Brasil e do mundo", afirmou em comunicado Diego Casaes, coordenador de campanhas da Avaaz, uma ONG que colaborou na pesquisa.

Bolsonaro diz que podem ser as ONG a atear os fogos

Pressionado pelo tema em todas as entrevistas que dá, Bolsonaro afirmou, sem certezas, que as organizações não governamentais que operam no país podem estar por trás das queimadas na Amazónia por terem perdido recursos e estarem a tentar atingir o seu governo.

“O crime existe e temos de fazer o possível para que não aumente, mas nós tirámos dinheiro das ONG, 40% ia para ONG. Não tem mais. De modo que esse pessoal está sentindo a falta do dinheiro. Então pode, não estou afirmando, ter ação criminosa desses ongueiros para chamar atenção contra minha pessoa, contra o governo do Brasil”, disse o presidente em entrevista ao sair do Palácio da Alvorada. Bolsonaro afirmou ainda que “tudo indica” que pessoas se preparam para ir à Amazónia filmar e então “tocaram fogo” na floresta.

Questionado se tinha provas ou indícios das acusações que fazia, o presidente afirmou que isso “não tem um plano escrito” e “não é assim que se faz”.

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