Um grupo de apoiantes de Lula da Silva concentrou-se esta segunda-feira em frente à Central do Brasil, a principal estação de comboios, autocarros e metro do Rio de Janeiro, para assinalar os 500 dias de prisão do antigo Presidente.
Num gesto simbólico, os manifestantes ergueram uma representação gigante do ex-chefe de Estado com a inscrição “Lula Livre”.
O ato foi testemunhado por vários dirigentes políticos, entre eles Lindbergh Farias, antigo senador do Partido dos Trabalhadores pelo Rio de Janeiro. “Nós nunca vamos abandonar o Presidente Luís Inácio Lula da Silva. E viemos aqui conversar com você, trabalhador. Vocês sabem que a prisão de Lula foi para impedir a vitória dele e eleger [o Presidente Jair] Bolsonaro, para prejudicar os trabalhadores, prejudicar os mais pobres. Pensem bem! São 500 dias de prisão injusta”, disse o ex-senador, transmitindo as suas declarações em direto através do Facebook.
“A gente está vendo armação, o juiz tem que ser imparcial. O juiz era imparcial? Prendeu Lula para impedir que ele ganhasse as eleições”, declarou ainda.
Jornada Internacional de Solidariedade em Lisboa
Após a manifestação, Lindbergh Farias disse à revista brasileira “Fórum”, que “a grande questão é dialogar com o povo”. “O povo ‘tá virando, tem uma parte que votou no Bolsonaro e ‘tá se arrependendo e a imagem do Lula cada vez é mais forte. É fundamental ir às ruas para mostrar para a população que, na época que ele era Presidente, a vida era bem melhor”.
Esta terça-feira, os 500 dias de prisão de Lula serão assinalados no Brasil e em vários outros países. Em Portugal, a Praça Luís de Camões, em Lisboa, recebe às 18h00 um ato organizado pelo Comité Internacional Lula Livre e que faz parte da “Jornada Internacional de Solidariedade: 500 Dias de Injustiça”.
Supremo rejeitou pedido de libertação. Vaza Jato continua
Lula da Silva está preso desde abril de 2018 depois de ter sido condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex de Guarujá, no âmbito da Operação Lava Jato. No final de junho deste ano, o Supremo Tribunal do Brasil rejeitou o pedido de libertação do antigo Presidente. A defesa de Lula alegava falta de imparcialidade do ex-juiz federal e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, na condução do processo que levou o ex-chefe de Estado à prisão de Curitiba.
Desde o início de junho, o site The Intercept Brasil tem vindo a revelar, numa investigação jornalística conhecida como Vaza Jato, trocas comprometedoras de mensagens de Moro, quando era ainda juiz federal, com o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato. Moro foi entretanto ouvido no Senado e negou qualquer “conluio” com o procurador, afirmando não ter “nenhum apego pelo cargo em si”, pelo que, se ficasse provada a suspeita de interferência no processo, abandonaria as funções de ministro.
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