Uma das pessoas destacadas para vigiar Jeffrey Epstein, o multimilionário que estava acusado de tráfico sexual de mulheres menores e que se terá suicidado na prisão onde esperava julgamento, não tinha a formação completa de um agente prisional e um outro não fez a ronda às celas como estava previsto, disse o procurador-geral William Barr, que se confessou “chocado” com as condições da prisão.
Jeffrey Epstein já se tinha tentado suicidar no fim de julho, quando mais uma queixa contra si, de violação de uma rapariga de 15 anos, chegou às autoridades e ainda não é claro por que razões foi retirado da ronda mais apertada de vigilância, a chama “suicide watch”.
Os detalhes surgiram na sexta-feira quando William Barr criticou duramente a gestão do estabelecimento prisional de Manhattan: “Estamos agora a começar a entender a extensão das irregularidades nesta cadeia e são muito preocupantes. Por isso, merecem uma atenta investigação”.
Durante várias horas, nenhum guarda prisional verificou o estado de saúde de Epstein, apesar de haver uma escala que os obrigava a isso a cada meia hora, já que ele estava na “ala de proteção”. Estas informações foram passadas ao “New York Times” por duas pessoas que trabalham na prisão mas que não têm autorização para falar publicamente, as mesmas que confirmaram o que, de resto, o jornal norte-americano já tinha escrito, numa grande investigação: que muitas vezes, quando não há guardas, são enfermeiros, secretários, professores e outros funcionários a fazer o trabalho dos guardas prisionais.
Além disso, os guardas na escala de sábado, quando Epstein se matou, estavam há cinco dias a fazer horas extraordinárias, escreveu a Associated Press também sem citar nomes.
O facto de Epstein ter sido retirado do controle do suicídio e deixado sem supervisão por tempo suficiente para aparentemente ter conseguido suicidar-se provocou uma onda de protestos públicos, levando a críticas ao Departamento de Justiça e das Prisões, que administra a cadeia de Manhattan. Barr anunciou no sábado que o FBI vai investigar as circunstâncias da morte de Epstein e também vai continuar a perseguir as pistas sobre a rede de tráfico de menores que ele liderava.
O sindicato dos guardas prisionais emitiu um comunicado no qual informa da grave escassez de pessoal nas instalações após o congelamento das contratações federais.
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