Internacional

Departamento de Estado norte-americano descreve China como “regime de rufias” por causa de Hong Kong

A polícia deteve, na terça-feira, manifestantes que protestavam diante da esquadra de Kwai Chung, em Hong Kong
A polícia deteve, na terça-feira, manifestantes que protestavam diante da esquadra de Kwai Chung, em Hong Kong
RITCHIE B. TONGO / EPA

Em causa está a divulgação de fotografias e informações pessoais de uma diplomata dos EUA que se reuniu com líderes estudantis do movimento pró-democracia naquela região administrativa especial. Hong Kong vive em tensão há mais de dois meses e foi palco dos maiores protestos em décadas e de uma greve geral sem precedentes na segunda-feira

Departamento de Estado norte-americano descreve China como “regime de rufias” por causa de Hong Kong

Hélder Gomes

Jornalista

Uma porta-voz do Departamento de Estado norte-americano descreveu esta quinta-feira a China como um “regime de rufias” após a divulgação de fotografias e detalhes pessoais de uma diplomata dos EUA que se reuniu com líderes estudantis do movimento pró-democracia em Hong Kong.

O gabinete do Ministério chinês das Relações Exteriores em Hong Kong pediu explicações a Washington sobre os contactos de diplomatas americanos com líderes dos protestos que desestabilizam aquela região administrativa especial há mais de dois meses.

O jornal “Ta Kung Pao” publicou a fotografia de uma diplomata americana, que identificou como Julie Eadeh, a conversar com líderes estudantis na entrada de um hotel de luxo. A fotografia aparecia debaixo da manchete “Forças Estrangeiras Intervêm”.

A “mão oculta nos bastidores”

“Penso que divulgar informações privadas de uma diplomata americana, fotografias e os nomes dos seus filhos não é um protesto formal. É o que um regime de rufias faria”, criticou a porta-voz do Departamento de Estado Morgan Ortagus, citada pela agência de notícias Reuters. “Não é dessa forma que uma nação responsável se comporta”, acrescentou, sem, no entanto, referir o nome da diplomata ou dar mais detalhes sobre o tipo de informações privadas reveladas.

O canal de televisão estatal CCTV apelidou a diplomata americana de “mão oculta nos bastidores a criar o caos em Hong Kong”, escreve o jornal “The New York Times”. Aquela expressão já fora usada contra os líderes dos protestos antigovernamentais que viriam a precipitar o massacre de Tiananmen em 1989.

“É o que fazem os diplomatas de outros países”

Pequim acusa potências estrangeiras, sobretudo os Estados Unidos, de fomentarem as manifestações em Hong Kong. De início, os protestos opunham-se a um projeto de lei que permitiria a extradição de suspeitos para a China continental mas rapidamente evoluíram para uma contestação mais ampla aos líderes da antiga colónia britânica e aos seus mestres políticos em Pequim, escreve a Reuters.

Ortagus lembrou que o trabalho dos diplomatas dos EUA e de outros países é encontrarem-se com pessoas diferentes, incluindo líderes da oposição. “Isto não é apenas o que os diplomatas americanos fazem. É o que fazem os diplomatas de outros países”, sublinhou.

Pequim pondera tomar medidas em Hong Kong

O chefe do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau, Zhang Xiaoming, alertou esta quarta-feira que Pequim está a ponderar tomar medidas em Hong Kong, que, segundo ele, enfrenta “a situação mais grave desde a transferência da soberania” para a China, em 1997. No início desta semana, Hong Kong foi palco dos maiores protestos em décadas e de uma greve geral sem precedentes.

Cerca de 500 pessoas foram presas desde o início dos protestos, em junho, e dezenas de pessoas foram acusadas formalmente de tumultos. A polícia tem disparado gás lacrimogéneo e balas de borracha sobre os manifestantes.

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