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Reino Unido e UE não estão preparados para o Brexit, alerta Confederação da Indústria Britânica

Reino Unido e UE não estão preparados para o Brexit, alerta Confederação da Indústria Britânica
Carl Court/Getty Images

“Embora os preparativos do Reino Unido sejam bem-vindos, a natureza sem precedentes do Brexit significa que alguns aspetos não podem ser mitigados”, refere o grupo num relatório em que apresenta 200 recomendações para uma saída sem acordo. O Governo de Boris Johnson está “a trabalhar no pressuposto” de um ‘no-deal’, segundo o ministro Michael Gove

Reino Unido e UE não estão preparados para o Brexit, alerta Confederação da Indústria Britânica

Hélder Gomes

Jornalista

A Confederação da Indústria Britânica avisa que o Reino Unido e a União Europeia (UE) não estão preparados para o Brexit. Num relatório em que apresenta 200 recomendações para os empresários se prepararem para um cenário de saída sem acordo, a confederação diz que, apesar dos milhares de milhões já gastos em planos de contingência, as empresas continuam a ser prejudicadas por conselhos, calendários e custos pouco claros.

Citado esta segunda-feira pela Sky News, o vice-diretor-geral daquele grupo, Josh Hardie, lembra que “as empresas estão desesperadas por ultrapassarem o Brexit”. “Elas acreditam profundamente no Reino Unido e conseguir um acordo abrirá muitas portas que foram fechadas pela incerteza. Encontrar um caminho e chegar a um acordo não podem estar para lá da capacidade dos maiores negociadores do continente. Mas, até que isto se torne uma realidade, todas [as empresas] devem preparar-se para deixar [o espaço comunitário] sem um acordo”, sublinha.

A confederação estima que 24 das 27 áreas da economia britânica irão sofrer rutura num cenário sem acordo, dizendo: “Embora os preparativos do Reino Unido sejam bem-vindos, a natureza sem precedentes do Brexit significa que alguns aspetos não podem ser mitigados.” A venda de alimentos orgânicos é um dos problemas potenciais de uma saída sem acordo com Bruxelas, refere a televisão britânica. Os importadores precisarão de licenças especiais para operar como empresas não estabelecidas na UE. Se essas licenças não estiverem em vigor antes de o Reino Unido abandonar o espaço comunitário, as empresas poderão ficar fora dos mercados europeus durante períodos de até quatro meses.

Brexit sem acordo é uma “perspetiva muito real”

O Governo do recém-empossado Boris Johnson está “a trabalhar no pressuposto” de que o Reino Unido deixará a UE sem um acordo, segundo o ministro Michael Gove, que é, na prática, o número dois do novo primeiro-ministro.

Em artigo escrito para o jornal “The Sunday Times”, Gove, que foi incumbido por Johnson de acelerar os preparativos para um Brexit sem acordo, sublinha que este cenário é agora uma “perspetiva muito real”.

Quem perde mais é a UE, estima ex-ministro para o Brexit

Entretanto, o antigo ministro para o Brexit David Davis defende que aquele cenário apresenta mais oportunidades do que riscos, advertindo que a UE é o parceiro da negociação que corre mais riscos. Segundo o ex-governante, que este fim de semana assinou um artigo no jornal “The Telegraph” intitulado “Os riscos de um Brexit sem acordo são menores do que os ganhos potenciais”, será a UE a 27 que perderá a maioria dos empregos, estimando em cerca de 422 mil os postos de trabalho em risco.

“Os países da Europa estão a arriscar mais do que nós nisto. Nunca se pode prever com fiabilidade o que fará uma instituição idiossincrática como a Comissão Europeia mas o meu palpite é que, logo após uma saída sem acordo, eles irão estar de volta à mesa das negociações. E à procura de um acordo”, acrescentou Davis.

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