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Governo de Boris Johnson reúne-se pela primeira vez antes de novo primeiro-ministro discursar nos Comuns

Governo de Boris Johnson reúne-se pela primeira vez antes de novo primeiro-ministro discursar nos Comuns
Wiktor Szymanowicz/NurPhoto/Getty Images

Foram 17 os governantes afastados ou que se afastaram na passagem de testemunho de Theresa May para Johnson. O antigo chefe da diplomacia Jeremy Hunt disse que lhe foi oferecido um cargo alternativo mas recusou. No seu primeiro discurso como primeiro-ministro, Johnson reiterou a sua determinação num Brexit no Halloween, “sem ses nem mas”

Governo de Boris Johnson reúne-se pela primeira vez antes de novo primeiro-ministro discursar nos Comuns

Hélder Gomes

Jornalista

O elenco governativo de Boris Johnson reúne-se pela primeira vez na manhã desta quinta-feira, antes de o novo primeiro-ministro discursar na Câmara dos Comuns.

Na quarta-feira, o chefe do Executivo designou apoiantes do Brexit para os cargos mais importantes – assim, Dominic Raab foi nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros e Priti Patel ministra do Interior. Em ambos os casos, trata-se de um regresso ao Governo, uma vez que Raab e Patel já tinham passado pelo Executivo de Theresa May.

Sajid Javid transitou diretamente de um Governo para o outro, passando do Interior para as Finanças. No total, foram 17 os governantes afastados ou que se afastaram na passagem de testemunho de May para Johnson, ou seja, mais de metade.

“Boris está a unir o país e o partido com as suas nomeações”

O antigo chefe da diplomacia britânica Jeremy Hunt, que disputou com Johnson a liderança do Partido Conservador e, por essa via, o cargo de primeiro-ministro, disse que lhe foi oferecido um cargo alternativo mas recusou. Apesar de serem apoiantes do Brexit, Penny Mordaunt e Liam Fox deixaram de ser ministros da Defesa e do Comércio Internacional, respetivamente. Ambos apoiaram Hunt na disputa com Johnson.

Após a sua nomeação como líder da Câmara dos Comuns, Jacob Rees-Mogg negou que os apoiantes da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) tivessem tomado conta do Executivo. “Boris está a unir o país e o partido com as suas nomeações para o Governo”, disse, citado pela BBC. Rees-Mogg liderou o European Research Group, um grupo de conservadores que se assume pró-Brexit.

No seu primeiro discurso como primeiro-ministro, Johnson reiterou a sua determinação em retirar o Reino Unido da UE até 31 de outubro, “sem ses nem mas”.

A oposição à figura da suspensão do Parlamento

Na semana passada, os deputados britânicos aprovaram uma emenda que visa bloquear qualquer tentativa de suspender o Parlamento para garantir um Brexit sem acordo. O resultado da votação, com 315 deputados a favor e 274 contra, foi entendido como um ataque preventivo contra o então futuro primeiro-ministro, que tem contemplado a figura da suspensão para que, em caso de não haver acordo com Bruxelas, o Reino Unido possa sair da UE no prazo do Halloween.

A aprovação da emenda, com uma diferença de uns expressivos 41 votos, não significa, no entanto, um bloqueio total à suspensão do Parlamento mas dificultará a vida a Johnson. Por outro lado, importa sublinhar que impedir o Parlamento de ser suspenso também não equivale a travar um Brexit sem acordo.

Entre os deputados conservadores, aqueles que se opõem a uma saída desordenada têm cerrado fileiras para fazer frente a Johnson. As estratégias discutidas vão desde a recusa dos deputados em abandonar o Parlamento (“sit-in”, isto é, um protesto passivo) à realização de reuniões plenárias noutro edifício. Philip Hammond, que já anunciara que abandonaria a pasta das Finanças se Johnson fosse primeiro-ministro, tem liderado a oposição conservadora a uma saída sem acordo, que, a seu ver, representará uma “catástrofe” e causará grandes prejuízos à economia britânica.

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