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É oficial. Boris Johnson já é primeiro-ministro

Boris é recebido pela Rainha, já é primeiro-ministro
Boris é recebido pela Rainha, já é primeiro-ministro
Buckingham Palace release

Isabel II convidou o novo líder conservador para formar Governo, depois de aceitar a renúncia de Theresa May. Quatro membros da equipa desta última demitiram-se para deixar claro que não aceitam a saída da UE sem acordo admitida pelo novo primeiro-ministro

É oficial. Boris Johnson já é primeiro-ministro

Pedro Cordeiro

Editor da Secção Internacional

Boris Johnson realizou um sonho esta quarta-feira. Pelas 15h foi encarregue por Isabel II de formar Governo, enquanto novo líder do Partido Conservador, o mais representado no Parlamento. Ex-autarca de Londres e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, terá como prioridade concluir o processo de saída da União Europeia (UE).

O indigitado chegou ao palácio de Buckingham pouco depois das 15 horas, tendo o seu curto trajeto a partir do Parlamento sido brevemente atrasado por uma manifestação da organização ambientalista Greenpeace no Mall, a alameda que leva à residência da rainha.

Johnson começará esta tarde a nomear os seus ministros, após um discurso à porta do n,º 10 de Downing Street, previsto para as 17h. Segundo os jornais britânicos, o Governo não incluirá Jeremy Hunt, seu adversário final na disputa ontem concluída.

Hunt, que era ministro dos Negócios Estrangeiros, não terá aceite ser despromovido para outra pasta. Para chefiar a diplomacia fala-se no nome de Dominic Raab, que foi ministro do Brexit até se incompatibilizar com May e também concorreu a líder conservador.

A ministra da Administração Interna poderá ser Priti Patel, da ala dura do partido. Eurocética, defensora da pena de morte e crítica do casamento homossexual, chegou a ministra do Desenvolvimento Internacional no anterior Governo. Demitiu-se depois de ter mantido encontros não autorizados pela primeira-ministra com dirigentes israelitas.

Demissões preventivas

Outras figuras sobre quem se especula são Michael Gove, ministro do Ambiente e duas vezes candidato a líder conservador; Sajid Javid, ministro da Administração Interna e também ex-aspirante a chefe do partido; e Dominic Cummings, um dos arquitetos da vitória dos eurocéticos no referendo de 2016, que deverá ser conselheiro do novo primeiro-ministro.

Desta equipa, de fortíssimo pendor anti-UE caso se confirmem os nomes avançados, não farão parte figuras do Executivo de Theresa May que deixaram clara a indisponibilidade para integrar um Governo disposto a levar a cabo um Brexit sem acordo.

“Dada a política declarada de Boris [Johnson] de sair da UE a 31 de outubro, a todo o custo, não estou disposto a fazer parte do seu Governo”, escreveu, ainda a May, o agora ex-ministro da Justiça, David Gauke.

“Creio que posso argumentar com mais eficácia contra um Brexit sem acordo se estiver nas bancadas de trás”, isto é, sem funções governativas, escreveu Gauke. Idêntica promessa fez David Liddington, que se demitiu de ministro da Presidência (na prática, era o vice-primeiro-ministro): “Farei tudo o que poder para ajudar o novo Governo a alcançar um acordo que permita uma saída ordeira da UE”.

Também esta quarta-feira demitiu-se, como prometera, o ministro das Finanças. Philip Hammond defende que Johnson deve poder escolher para o lugar alguém que esteja “alinhado” com as suas ideias. Não é o caso do agora ex-titular das Finanças, que até admite ajudar a oposição a derrubar o Executivo conservador caso o novo primeiro-ministro opte por um Brexit sem acordo.

Outro a sair antes de Johnson optar por não o reconduzir foi o ministro do Desenvolvimento Internacional, Rory Stewart, que chegou a ser candidato a líder do Partido Conservador. Este defendeu que os deputados deviam resistir a qualquer tentativa de Johnson de suspender o Parlamento par aforçar o Brexit sem acordo, se necessário reunindo na praça dianteira ao Big Ben.

Segunda e terça-feira saíram do Executivo, respetivamente, o secretário de Estado da Europa e Américas, Alan Duncan, e a secretária de Estado da Qualificação, Anne Milton. O motivo foi o mesmo. Duncan procurou mesmo forçar uma moção de confiança em Johnson ainda antes da sua investidura, que o speaker da Câmara dos Comuns, John Bercow, não autorizou.

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