Milhares de sudaneses voltaram esta quinta-feira às ruas para condenar a repressão das forças de segurança que terá feito mais de uma centena de mortos no mês passado. As tensões continuam altas no país, apesar do recente progresso com vista a um acordo de partilha de poder com o conselho militar de transição.
A Associação de Profissionais do Sudão, que tem liderado meses de protestos, disse que as autoridades lançaram gás lacrimogéneo para dispersar alguns protestos na capital, Cartum, mas não houve relatos de ferimentos graves.
Os manifestantes marcharam em direção a uma área aberta na capital, agitando bandeiras sudanesas e batendo tambores, enquanto entoavam palavras de ordem como “Revolução!” e “O sangue dos mártires será vingado!”.
Acordo assinado mas com pontas soltas
Os militares depuseram o autocrata Omar al-Bashir em abril, após três décadas no poder, mas os manifestantes continuaram nas ruas, apelando a uma transição rápida para um Governo civil. A 3 de junho, as forças de segurança dispersaram o principal protesto, matando pelo menos 128 pessoas, segundo os manifestantes. As autoridades calculam em 61 o número de mortos, incluindo três agentes de segurança.
Na quarta-feira, o movimento pela democracia e os militares assinaram um documento que delineava um acordo de partilha de poder. As partes concordaram com a realização de uma investigação à violência do mês passado mas ainda não definiram o âmbito em que decorrerá.
A questão da imunidade dos militares
Outro ponto de melindre está relacionado com a imunidade dos militares a processos judiciais, com a qual os líderes dos protestos não concordam. As conversações são retomadas esta sexta-feira.
“Se os signatários concordarem em conceder ao conselho militar imunidade total, voltaremos às ruas”, disse Mohamed al-Neel, um manifestante de 25 anos, à Associated Press. “A rua não se calará até que um Governo civil seja formado e os mártires sejam vingados”, acrescentou.
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