Internacional

May diz-se “preocupada com o estado da política” no seu último grande discurso como primeira-ministra

May diz-se “preocupada com o estado da política” no seu último grande discurso como primeira-ministra
HENRY NICHOLLS/AFP/Getty Images

A ainda chefe do Governo britânico defendeu a ordem liberal do pós-guerra e os “compromissos” e lamentou que o “absolutismo” esteja “a endurecer o debate público”. May acrescentou que o seu “maior arrependimento” foi o fracasso em cumprir o Brexit. Na próxima semana, Boris Johnson deverá suceder-lhe no Partido Conservador e no Governo

May diz-se “preocupada com o estado da política” no seu último grande discurso como primeira-ministra

Hélder Gomes

Jornalista

Theresa May mostrou-se esta quarta-feira “preocupada com o estado da política” e disse que há “motivos para preocupações sérias tanto dentro de portas como internacionalmente”. No seu último grande discurso como primeira-ministra britânica, May afirmou na Chatham House, em Londres, que o seu “maior arrependimento” foi o fracasso em cumprir o Brexit.

Defendendo a ordem liberal do pós-guerra e os “compromissos” como forças motrizes da democracia, May deu como exemplos o Serviço Nacional de Saúde britânico e várias instituições globais, incluindo as Nações Unidas. Pelo contrário, lamentou que o “absolutismo” esteja “a endurecer o debate público”, argumentando que a ascensão de partidos de extrema-direita e extrema-esquerda e o crescente tom confrontacional nas relações internacionais mostram como, hoje em dia, basta defender uma posição durante o tempo e a um volume suficientes para que esta faça o seu caminho.

May instou os EUA a aceitarem a necessidade de instituições multilaterais e advertiu contra “a política de vencedores e derrotados, de absolutos e de conflito perpétuo”, que é algo “que nos ameaça a todos”.

Brexit “tem de significar algum tipo de compromisso”, diz May

No final de maio, a chefe do Governo renunciou ao cargo depois de não ter conseguido convencer o Parlamento a aprovar o acordo para o Brexit que assinou com Bruxelas. Na próxima semana, Boris Johnson, antigo presidente da Câmara de Londres e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do seu Governo, deverá suceder-lhe na liderança do Partido Conservador e como primeiro-ministro.

Johnson, que lidera as sondagens na contenda com o atual chefe da diplomacia britânica, Jeremy Hunt, tem reiterado que o Reino Unido sairá da União Europeia (UE) até ao prazo de 31 de outubro, com ou sem acordo.

O acordo de saída alcançado em novembro de 2018 foi chumbado três vezes pela Câmara dos Comuns. No seu derradeiro discurso, May sublinhou que cumprir o resultado do referendo de 2016 ao Brexit “tem de significar algum tipo de compromisso”.

Bruxelas disposta a atrasar Brexit se for apresentada uma “boa razão”

Os críticos de May defendem que foi, em parte, a sua retórica que alimentou o clima político de intolerância no Reino Unido. A inflexibilidade relativamente ao Brexit deixou o país polarizado e sem um roteiro fora da UE, acusam.

Na terça-feira, o dia em que foi confirmada presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen disse que se o próximo primeiro-ministro britânico apresentar uma “boa razão”, ela estará preparada para atrasar a saída do Reino Unido da UE. “Pela primeira vez em 2016, um Estado-membro decidiu sair da UE. Esta é uma decisão séria que lamentamos mas respeitamos”, disse Von der Leyen, prometendo assegurar a paz e a estabilidade na fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: hgomes@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate