O narcotraficante mexicano Joaquín “El Chapo” Guzmán deverá ser condenado esta quarta-feira a prisão perpétua, avança a agência de notícias France-Presse (AFP).
O antigo líder do cartel de drogas de Sinaloa foi condenado em fevereiro por crimes cometidos ao longo de um quarto de século, incluindo tráfico para os EUA de centenas de toneladas de cocaína, heroína, metanfetaminas e marijuana. As acusações, que também incluem lavagem de dinheiro e crimes relacionados com armas, implicam uma pena de prisão perpétua obrigatória, pelo que a audiência num tribunal de Nova Iorque é mais uma formalidade, lembra a AFP.
Na semana passada, o Ministério Público pediu ao juiz federal Brian Cogan que acrescentasse uma pena simbólica de 30 anos de prisão pelo uso de armas de fogo, descrevendo “El Chapo” como “impiedoso e sanguinário”. Os procuradores também pretendem que Guzmán devolva 12,7 mil milhões de dólares (11,3 mil milhões de euros), com base numa estimativa conservadora das receitas da venda de drogas nos Estados Unidos. Até ao momento, as autoridades americanas não recuperaram nada.
Espancou, abateu e enterrou vivo quem se atravessava no caminho
Durante o julgamento de três meses, testemunhas descreveram episódios em que “El Chapo”, que liderou aquele cartel entre 1989 e 2014, espancou, abateu a tiro e até enterrou vivos aqueles que se atravessavam no seu caminho, designadamente informadores e membros de gangues rivais.
Pelo menos uma das suas vítimas, uma mulher que sobreviveu a um ataque ordenado pelo narcotraficante, fará uma declaração na audiência desta quarta-feira. Este será também o dia em que “El Chapo”, que escapou das prisões mexicanas em 2001 e novamente em 2015, poderá ver a sua mulher e as duas filhas pela última vez.
“Uma farsa que em nada mudará a guerra contra as drogas”
Guzmán encontra-se numa prisão de alta segurança na baixa de Manhattan, em regime de solitária, desde a sua extradição em 2017, tendo-se queixado repetidamente, através dos advogados, das condições da sua detenção.
“O pedido de prisão perpétua e de mais 30 anos é uma farsa. A condenação de Joaquín e o seu encarceramento por tráfico de drogas não mudarão nada na chamada guerra contra as drogas”, disse o advogado Eduardo Balarezo.
Em entrevista à AFP, a promotora especial de narcóticos Bridget Brennan reconheceu que tirar “El Chapo” da equação não diminuirá a influência do cartel de Sinaloa, que, segundo ela, será “o que fornece a maioria das drogas que entram nos Estados Unidos”.
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