Desde que Neil Armstrong e Edwin Aldrin pisaram o solo lunar pela primeira vez, em julho de 1969, que o objetivo dos EUA é ter outros astronautas a fazer o mesmo e construir uma pequena estação orbital e uma base na Lua. Mike Pence, o vice-presidente norte-americano, anunciou em março deste ano que os Estados Unidos vão enviar astronautas ao satélite da Terra em 2024, na nave Oríon, e dois meses depois desse anúncio o Presidente americano, Donald Trump, anunciou um reforço do orçamento da NASA em 1600 milhões de dólares (ou 1400 milhões de euros) para preparar o regresso dos astronautas, incluindo a primeira mulher, no contexto do programa Artemis.
Em entrevista ao jornal espanhol “La Razón”, um porta-voz da NASA, Cheryl Warner, avança mais detalhes sobre os planos dos EUA, reiterando que a ideia é enviar astronautas à Lua “nos próximos cinco anos”, como já tinha dito anunciado a própria agência. E o objetivo é de tal modo ambicioso que “obrigou a acelerar processos e a abrir novos contratos para que as empresas privadas apoiem a iniciativa”. Entre essas empresas, encontram-se a Blue Origin, de Jeff Bezos, também proprietário da Amazon, e a SpaceX, de Elon Musk. O “primeiro passo”, continua o porta-voz, “é criar uma estação na órbita lunar para servir de base para futuras expedições sobre a superfície lunar e para depois ser utilizado para realizar outras missões”, nomeadamente em Marte. A Lua, se tudo correr bem aos norte-americanos, servirá assim “como base de operações para experimentar novas tecnologias, treinar astronautas e desenvolver a indústria espacial”, afirma Cheryl Warner.
Espera-se, contudo, que os entraves continuem a ser muitos, a começar desde logo pelos atrasos no novo lançador da NASA, o Space Launch System (SLS), que foi encomendado à Boeing e cujo primeiro voo tem sido sucessivamente adiado (está agora programado para 2021). No seu interior, viajará a nave Oríon e nela os astronautas a quem couber a missão de aterrar novamente na Lua. Tudo será testado de forma gradual, explica o porta-voz. “Primeiro faremos dois voos de teste. O primeiro será não tripulado e o segundo já terá tripulação. Finalmente, e 2024, a missão tripulada chegará à estação na órbita lunar.” Esse será, assim, o “primeiro passo para a chegada de humanos à Lua”. “Este é o nosso principal desafio e é nele temos concentrado todos os nossos esforços. Estamos a desenvolver tanto o sistema de alunagem, como uma cabine que seja minimamente habitável”, avança ainda Cheryl Warner.
Outro entrave será a concorrência da China, que teve uma sonda a pousar na Lua em 2013 com um “rover” a bordo e outra a pousar, já em janeiro deste ano, no lado oculto e totalmente inexplorado da Lua, e também de Israel, embora não tão ameaçadora — a sonda israelita lançada também este ano, do Cabo Canaveral, acabaria por despenhar-se na superfície da lua no dia 11 de abril. Aterrando na Lua, e conhecendo-a melhor e recolhendo as amostras de “água, metais, hélio e po”, os olhos voltar-se-ão depois para Marte, onde, dizem os mais optimistas, haverá astronautas a cravar a bandeira dos EUA em 2038.
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