Depois da polémica que gerou após ter sugerido a quatro congressistas democratas que voltassem para “os lugares infestados de crime de onde vieram”, o Presidente dos EUA, Donald Trump, voltou ao Twitter para reforçar as declarações anteriores.
“É muito triste ver os democratas a defenderem pessoas que falam tão mal do nosso país e que, além disso, odeiam Israel com um entusiasmo verdadeiro e desenfreado. Sempre que confrontadas, chamam racistas aos seus adversários, incluindo a Nancy Pelosi. A sua linguagem repugnante e as muitas coisas terríveis que dizem sobre os EUA não podem ficar sem contestação. Se o Partido Democrata quer continuar a tolerar tal comportamento vergonhoso, então estamos ainda mais ansiosos por vos encontrarmos nas urnas em 2020!”, escreveu.
Horas antes, Trump tinha atacado as democratas Alexandria Ocasio-Cortez (Nova Iorque), Ilhan Omar (Minnesota), Ayanna Pressley (Massachusetts) e Rashida Tlaib (Michigan). O quarteto tem algumas divergências com a colega de partido e presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.
Trump quer “tornar a América branca outra vez”, acusa Pelosi
Sobre elas, Trump escrevera: “É tão interessante ver congressistas democratas ‘progressistas’, que originalmente vieram de países cujos governos são uma completa e total catástrofe, os piores, os mais corruptos e ineptos do mundo... dizerem, de viva e maliciosa voz, ao povo dos Estados Unidos, a maior e mais poderosa nação na Terra, como o nosso Governo deve ser gerido. Porque é que não voltam para os lugares totalmente destruídos e infestados de crime de onde vieram? Depois voltam e mostram-nos como se faz.”
Das quatro democratas visadas por Trump apenas Omar não nasceu nos EUA.
Em reação, Pelosi acusou o Presidente de querer “tornar a América branca outra vez”, numa alusão ao slogan de campanha de Trump: “Make America great again” (“Tornar a América grande outra vez”).
Declarações “racistas e repugnantes”, diz congressista que abandonou Partido Republicano
Nos últimos dias, a speaker da Câmara dos Representantes, a câmara baixa do Congresso dominada pelos democratas, tem tentado minimizar a influência de Ocasio-Cortez, o que levou aquelas quatro congressistas a acusá-la de tentar marginalizar as mulheres de cor. Trump saiu em defesa da sua rival democrata, dizendo na sexta-feira que Pelosi “não é racista”.
Justin Amash, que integra a Câmara dos Representantes pelo estado do Michigan e que há poucos dias anunciou que deixaria o Partido Republicano para se tornar independente, classificou as declarações de Trump como “racistas e repugnantes”.
Ocasio-Cortez tem ascendência porto-riquenha mas nasceu no Bronx, em Nova Iorque. Pressley, a primeira mulher negra eleita para a Câmara dos Representantes, nasceu em Cincinatti. Tlaib, filha de imigrantes palestinianos, nasceu em Detroit.
Omar foi a primeira mulher de ascendência somali eleita para o Congresso e é, juntamente com Tlaib, uma das duas primeiras mulheres muçulmanas ali representadas. Nascida em Mogadíscio, capital da Somália, Omar passou grande parte da sua infância num campo de refugiados no Quénia. Aos 12 anos, imigrou para os EUA, aprendeu inglês a ver televisão americana e acabou por se estabelecer com a sua família em Minneapolis.
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