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Multimilionário norte-americano amigo de Bill Clinton e Trump detido por acusações de tráfico sexual de menores

Multimilionário norte-americano amigo de Bill Clinton e Trump detido por acusações de tráfico sexual de menores
Stephanie Keith/Getty Images

Jeffrey Epstein já tinha sido acusado de abusar sexualmente de dezenas de raparigas adolescentes, mas conseguiu chegar a um acordo para evitar a prisão perpétua. Enfrenta agora duas novas acusações relacionados com tráfico sexual de menores

Jeffrey Epstein, multimilionário norte-americano e amigo de Donald Trump e Bill Clinton, foi detido no sábado em New Jersey depois de novas acusações relacionadas com tráfico sexual de menores e irá comparecer em tribunal esta segunda-feira.

Aos meios de comunicação norte-americanos, várias fontes relacionadas com o caso revelaram que Jeffrey Epstein é suspeito de ter abusado sexualmente de menores a quem pagaria para lhe fazerem massagens, na sua mansão em Palm Beach, na Flórida, e em Manhattan, entre 2002 e 2005.

De acordo com o site “Daily Beast”, que primeiro noticiou a detenção, muitas das menores foram recrutadas por funcionários e colaboradores do multimilionário, e muitas das vítimas haveriam de tornar-se, elas próprias, recrutadoras. Muitas das adolescentes tinham entre 13 a 16 anos e vinham de meios desfavorecidos. “Só queríamos dinheiro para as roupas da escola, para sapatos”, disse uma delas ao jornal “The Herald”. Segundo a acusação, Epstein sabia que todas as adolescentes eram menores.

Segundo o “Daily Beast”, que obteve informações junto de fontes próximas da investigação, o multimilionário será acusado de dois crimes, o de tráfico sexual de menores e o de conspiração, e pode enfrentar uma pena de até 45 anos de prisão.

Prisão perpétua evitada por um acordo polémico

O milionário de 66 anos já tinha sido acusado em 2008 de ter abusado sexualmente de pelo menos 40 adolescentes, mas na altura chegou a acordo com o então procurador de Miami Alexander Acosta (atual secretário do Trabalho dos EUA) para evitar acusações federais e, possivelmente, a pena perpétua — declarou-se culpado de crimes menores, incluindo o de ter contratado serviços de prostituição junto de uma menor de 18 anos, e cumpriu uma pena de apenas 13 meses.

No ano passado, o “The Herald” revelou que Alexander Acosta esteve envolvido nas negociações, tendo-se encontrado com um dos advogados de Epstein, que era antigo colega do procurador. Segundo o referido jornal, foi dada a multimilionário a possibilidade de negociar um acordo nos seus próprios termos, que fosse vantajoso sobretudo para si. “Obrigada pelo seu empenho nisto”, agradeceu, aliás, Epstein, em carta ao procurador, sublinhando a promessa feita pelo destinatário da carta de “não contactar nenhuma das pessoas identificadas ou potenciais testemunhas”.

No início deste ano, porém, um juiz da Flórida determinou que foram cometidas irregularidades, precisamente por não ter sido transmitida qualquer informação às vítimas sobre o acordo feito com as autoridades. O caso continua a ser avaliado, de modo a perceber-se se o multimilionário pode vir a ser condenado a uma pena mais pesada.

Mas quem é exatamente Jeffrey Epstein?

Antes das alegações e acusações judiciais, Jeffrey Epstein era apenas conhecido pela sua proximidade a Donald Trump, a Bill Clinton (que viajou dezenas de viagens nos seus aviões privados, segundo o “New York Times”), e ao príncipe Andrew, duque de York, na Inglaterra, com quem foi a vários eventos sociais. Sobre ele, disse Trump, aliás: “É um tipo incrível. Muito divertido. Diz-se que gosta ainda mais de mulheres bonitas do que eu, e que gosta delas bem jovens”, lê-se num perfil de Epstein publicado pela “New York Magazine” em 2002. Um advogado de Trump negou que o seu cliente e Epstein tenham qualquer “relação social”, mas uma das alegadas vítimas, Virginia Giuffre, contou ter sido contratada para uma sessão de massagens com o multimilionário enquanto trabalhava no Mar-a-Lago, o resort de Trump na Flórida.

Jeffrey Epstein começou por ensinar matemática e física numa escola privada de Manhattan, e, em 1976, foi contratado pelo banco de investimentos Bear Stearns, iniciando aí a sua carreira no setor da banca. Em 1982, fundou a sua própria empresa, a J. Epstein & Co. Anos depois, mudou o nome da empresa e deslocou-a para as Ilhas Virgens Americanas por causa dos impostos. Em 2003, a sua doação na casa dos milhões à Universidade da Harvard, para um projeto específico na área da biologia, fez várias manchetes.

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