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Ursula à procura de apoios no Parlamento Europeu, nem todos os grupos estiveram disponíveis

Ursula à procura de apoios no Parlamento Europeu, nem todos os grupos estiveram disponíveis
FREDERICK FLORIN/Getty Images

A candidata à presidência da Comissão Europeia esteve esta quarta-feira no Parlamento Europeu, em Estrasburgo. Encontrou-se com os deputados do Partido Popular Europeu e tentou contactar Socialistas e Verdes. Mas, por enquanto, os dois grupos não estiveram disponíveis para conversas

Susana Frexes, em Estrasburgo

Nomeada na terça-feira pelos líderes europeus, Ursula von der Leyen apressou-se a ir ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo. É aqui que dentro de duas semanas tem de passar na prova final. Só com o apoio de mais de metade dos eurodeputados chegará à presidência da Comissão Europeia e, para já, nada está garantido.

Não lhe basta o apoio dos 182 eurodeputados da sua família política, o Partido Popular Europeu, com quem esteve reunida, precisa também que as bancadas dos Socialistas & Democratas e do Renovar Europa sigam o acordo fechado entre os líderes socialistas, liberais e do centro-direita na tarde de terça-feira.

Mas, por enquanto, os deputados socialistas não estiveram disponíveis para reunir com ela ou dar início a qualquer contacto, apurou o Expresso junto de fonte parlamentar. Não houve, por isso, nesta quarta-feira, qualquer encontro com os deputados de centro-esquerda ou com a nova líder do grupo S&D, a espanhola Iratxe García.

Postura semelhante tiveram os Verdes. O co-presidente do grupo, Philippe Lamberts, recebeu uma mensagem da alemã no telemóvel a pedir um encontro. "Não tivemos vontade de nos encontrar agora com a senhora von der Leyen", disse ao Expresso e a um grupo de jornalistas em Estrasburgo. A contraproposta dos ecologistas é para que ela vá a Bruxelas na próxima segunda-feira. Segundo Lamberts, tem agenda para recebê-la às quatro da tarde.

Ursula alinhada com Weber

A ideia da viagem até Estrasburgo surgiu de um telefonema entre Ursula von der Leyen e Manfred Weber, esta terça-feira à noite. De acordo com outra fonte parlamentar, os dois alemães têm estado coordenados e em contacto desde que, ao final desta segunda-feira, von der Leyen foi sondada para encabeçar uma solução franco-alemã para a presidência da Comissão Europeia, de forma a ultrapassar o impasse em torno do nome do holandês Frans Timmermans, apoiado pelos socialistas.

Segundo a mesma fonte, na manhã de terça-feira Ursula ligou a Weber e ele ter-lhe-á dito para ela aceitar, que ele aceitaria também o que o partido decidisse. O alemão foi o candidato do PPE às eleições europeias e à presidência da Comissão, mas falhou na aprovação dos líderes, tal como aconteceu com os cabeças de lista dos socialistas e dos liberais, Timmermans e Margrethe Vestager.

Os líderes fizeram cair por terra o chamado processo de spitzencandidaten - candidatos avançados pelas famílias políticas europeias à presidência da Comissão - que há cinco anos permitiu que Jean-Claude Jucker liderasse o executivo comunitário.

No entanto, no encontro que teve com os eurodeputados do PPE e com Weber, em Estrasburgo, Ursula defendeu este processo. Ao que o Expresso apurou, terá deixado a promessa de trabalhar numa proposta para que possa vir a ser aceite tanto pelos líderes como pelo Parlamento Europeu.

Maioria ainda não está garantida

Se não tiver pelo menos 376 votos dos 751 eurodeputados, Ursula von der Leyen não será eleita a primeira mulher presidente da Comissão Europeia e os líderes terão de apresentar um outro nome. Se o acordo forjado entre os chefes de Estado e de Governo (Conselho Europeu) fosse replicado no Parlamento Europeu e todos os eurodeputados das bancadas dos socialistas, PPE e Renovar Europa votassem em conformidade, ela teria 443 votos, portanto, mais do que o suficiente para passar na votação.

No entanto, os socialistas alemães do SPD estão entre as vozes mais críticas a esta escolha e dentro da própria família europeia de centro esquerda há outros desconfortos pelo facto de não ter sido um socialista a ficar ou com a Comissão Europeia ou com o Conselho Europeu.

Esta quarta-feira, na eleição do novo presidente do Parlamento Europeu, David-Maria Sassoli, vários eurodeputados não alinharam no acordo. O italiano foi eleito com 345 votos, numa maioria absoluta de votos expressos. Segundo algumas fontes, podem não ter sido apenas alguns liberais e eurodeputados do PPE a não votar nele, mas também socialistas que preferiram votar em Ska Keller, candidata dos Verdes.

Para eleger o presidente da Comissão Europeia a regra muda. É necessária uma maioria absoluta de eurodeputados e, portanto, os votos que teve o socialista não chegam para aprovar von der Leyen. As duas semanas que vêm serão assim fundamentais para afinar a aliança entre as três maiores bancadas e para convencer os mais reticentes.

O eurodeputado do PSD Paulo Rangel admite que não será simples. “Eu acho sinceramente que este é um processo que está no início e penso que ela está muito consciente que nada está garantido", disse aos jornalistas em Estrasburgo. Ainda assim, mostra-se bem impressionado com a apresentação que a alemã fez ao PPE, encontro durante o qual mostrou a fluência nas três línguas de trabalho das instituições: francês, inglês e alemão.

A eleição do presidente da Comissão Europeia deverá acontecer a 17 de julho.

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