Internacional

Sudão. Conselho Militar de Transição rejeita proposta da Etiópia para pôr fim a impasse político

Shams-Eddin Kabashi, porta-voz do Conselho Militar de Transição
Shams-Eddin Kabashi, porta-voz do Conselho Militar de Transição
YASUYOSHI CHIBA/AFP/Getty Images

A proposta, que a oposição aceitou, sugere um conselho soberano formado por sete civis e sete membros das Forças Armadas, com um assento adicional reservado a um indivíduo imparcial. “A iniciativa da União Africana chegou primeiro”, disse um porta-voz militar, exortando os mediadores a unirem esforços e a apresentaram um documento conjunto

Sudão. Conselho Militar de Transição rejeita proposta da Etiópia para pôr fim a impasse político

Hélder Gomes

Jornalista

O Conselho Militar de Transição (CMT) do Sudão rejeitou este domingo a proposta da Etiópia para pôr fim ao impasse político sobre a composição de um futuro Governo. Os militares e a oposição não se entendem quanto à forma que deve adotar o Executivo sudanês.

A proposta do mediador etíope, que a oposição aceitou, sugere um conselho soberano formado por sete civis e sete membros das Forças Armadas, com um assento adicional reservado a um indivíduo imparcial, revela a agência de notícias Reuters.

O porta-voz do CMT, o tenente-general Shams-Eddin Kabashi, afirmou concordar em princípio com a proposta da União Africana (UA). “A iniciativa da UA chegou primeiro”, disse, acrescentando que o conselho militar ainda não estudou a proposta etíope, que descreveu como unilateral. Os detalhes da proposta da UA não foram revelados.

“Pedimos aos mediadores que unam esforços e apresentem um documento conjunto o mais rapidamente possível para que as partes voltem às negociações”, declarou ainda.

“As clássicas táticas sudanesas de adiamento”

O diretor da organização não-governamental Freedom House para África, Jon Temin, disse que os militares parecem querer ganhar tempo. “Caracterizaria isto como as clássicas táticas sudanesas de adiamento. E nós já vimos isto antes, com o regime anterior a tentar pôr os mediadores uns contra os outros para ganhar tempo, ter este tipo de conversa circular e, em última análise, acabar por não ir a lado nenhum”, criticou, citado pela Al Jazeera.

As conversações, que se seguiram à deposição de Omar al-Bashir após três décadas no poder, entre o CMT e a coligação da oposição colapsaram quando as forças de segurança reprimiram um protesto no exterior do Ministério da Defesa, matando várias dezenas de pessoas. Os militares viriam a lamentar os “excessos” cometidos na repressão de 3 de junho.

Sudão suspenso da UA. Situação deteriora-se na Etiópia

A composição do conselho soberano era o principal ponto de divergência entre as duas partes antes do colapso das conversações. O conselho militar anulou todos os acordos que tinha alcançado com a oposição na sequência da dispersão violenta dos manifestantes.

A Etiópia e a UA desenvolveram esforços diplomáticos para resolver a crise no Sudão. Três dias após a repressão dos protestos, a UA suspendeu a participação deste país em todas as atividades da organização, “com efeito imediato”, “até ao estabelecimento efetivo de uma autoridade de transição liderada por civis”. Esta é, segundo a UA, “a única saída para a atual crise”.

Entretanto, na Etiópia, o chefe do Estado-Maior do Exército foi abatido este domingo pelo seu guarda-costas, horas depois de uma tentativa de golpe em Amhara, estado regional cujo presidente também foi morto.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: hgomes@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate