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Como uma intensa discussão entre Boris Johnson e a namorada está a tornar-se um caso político

Como uma intensa discussão entre Boris Johnson e a namorada está a tornar-se um caso político
Leon Neal/Getty Images

O vizinho ficou espantado com a agressividade da discussão, o barulho de pratos a partir e os gritos da namorada para que o candidato a sucessor de Theresa May a "largasse". Chamou a polícia. Johnson não explica o que aconteceu, mas os seus adversários não dão sinais de largar o assunto

Uma questão do foro privado ou de interesse público? A questão continua a colocar-se dias depois de a polícia ter sido chamada a casa de Boris Johnson, candidato à liderança dos conservadores britânicos - e a primeiro-ministro - na sequência de uma intensa discussão com a namorada que preocupou os vizinhos. Para Johnson e os seus apoiantes trata-se de um assunto privado que não é relevante no contexto da sua campanha. Mas, para os seus adversários, é preciso que o candidato explique: afinal, o que aconteceu na madrugada de sexta-feira - e porque é que Johnson não quer falar disso?

A pressão continua a aumentar. Este domingo, foi a vez de Jeremy Hunt, que sucedeu a Johnson no Governo, na pasta dos Negócios Estrangeiros, e agora o enfrenta na corrida à liderança do partido, puxar o assunto. "[Johnson] precisa de mostrar que consegue responder às perguntas difíceis", argumentou, depois de Liam Fox, responsável pelo comércio internacional e seu apoiante, ter dito à Sky News que Boris Johnson se está a "recusar a responder às perguntas da comunicação social e a fazer debates ao vivo": "Então claro que as pessoas se perguntam: quem é que vamos ter como primeiro-ministro?". Já o ministro sombra para as comunidades e a governação local, Andrew Gwynne, veio defender que esta é uma matéria "de interesse público", dados os cargos que Johnson se propõe ocupar.

Desde sexta-feira que se sucedem os desafios a Johnson para que dê uma explicação, mas o candidato, cuja popularidade, segundo uma sondagem citada pelo "The Guardian", caiu cinco pontos percentuais nos últimos dias, continua sem dar mostras de o querer fazer. "Acho que as pessoas não querem saber desse tipo de coisas", justificou este sábado, dizendo preferir falar das suas propostas políticas e garantindo que "politicamente cumpre" as promessas que faz.

Só Johnson e a namorada, Carrie Symonds, saberão explicar o que se passou na madrugada de sexta-feira, mas os relatos dos vizinhos contam uma discussão acesa que envolveu o barulho de coisas a partir, gritos e pancadas fortes. O vizinho que chamou a polícia acabou por descrever esses momentos em comunicado, explicando que ouviu gritos "altos e zangados o suficiente" para sentir "medo e preocupação pelo bem estar dos envolvidos", por isso gravou a discussão - a que o mesmo jornal britânico teve acesso, e em que se pode ouvir Symonds a gritar a Johnson que a "largue" e saia de sua casa.

"Depois de um grito alto e uma pancada, seguida de silêncio, subi as escadas a correr e eu e a minha mulher concordámos que deveríamos ver com os nossos vizinhos o que se passava. Bati três vezes à porta, mas não houve resposta. Voltei ao meu apartamento e concordámos que devíamos chamar a polícia.” Foi o que fizeram, tendo os agentes abandonado o local depois de Johnson e Symonds lhes terem assegurado que tudo estava bem. O mesmo não se pode dizer da campanha de Johnson, que corre o risco de continuar a ser dominada pelo assunto que o candidato quer evitar.

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