Internacional

Irão responde a Trump e promete enfrentar “com firmeza” qualquer “agressão ou ameaça norte-americana”

Força Aérea dos EUA a preparar um drone militar
Força Aérea dos EUA a preparar um drone militar
Eric Harris / U.S. Air Force / Handout via Reuters

Trump recuou nos ataques aéreos, com o argumento de que poderiam ter causado 150 mortes, mas Teerão não baixa o tom, “independentemente das decisões dos Estados Unidos”

O recuo de Donald Trump não foi suficiente para acalmar, pelo menos, o tom das provocações entre Estados Unidos e Irão. Este sábado, Teerão decidiu dar uma resposta forte aos norte-americanos, garantindo que, “independentemente das decisões que os Estados Unidos tomem”, o país não vai “permitir que nenhuma das fronteiras seja violada”: “O Irão enfrentará com firmeza qualquer agressão ou ameaça americana”.

A declaração, feita por Abbas Mousavi, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, mostra que Teerão não está, para já, disposta a suavizar o tom após uma escalada de tensão que se intensificou nos últimos dias entre os dois países - mas que já vem de trás, e que se anunciava desde que, em maio do ano passado, os Estados Unidos decidiram abandonar o acordo internacional sobre energia nuclear assinado entre os membros do Conselho de Segurança Permanente da ONU, com Trump a acusar o Irão de mentir sobre o seu programa nuclear e a anunciar a imposição de sanções económicas “ao mais alto nível”.

Esta quinta-feira, o incidente que espoletou novas ameaças: Teerão abateu um drone de vigilância norte-americano, tendo mesmo, segundo o “The Guardian”, chamado um representante dos Emirados Árabes Unidos, por estes terem permitido que o aparelho fosse lançado a partir de uma base norte-americana instalada no território daquele país.

Trump não demorou a responder - e a recuar na resposta: se começou por ordenar ataques aéreos ao Irão como represália pelo abatimento do drone, acabou por cancelar as ações militares a minutos do seu início, numa manobra que mereceu uma chuva de notícias e comentários na imprensa norte-americana, mas que continua a não estar totalmente esclarecida.

Segundo o próprio Presidente, que falou à NBC sobre o caso, acabou por tomar a decisão de cancelar os ataques quando teve noção do impacto que estes teriam sobre a população iraniana. Meia hora antes, contou Trump, chamou os generais. “Quero saber uma coisa antes de irem: quantas pessoas morreriam, neste caso iranianos." Perante a resposta que recebeu - “aproximadamente 150” - o Presidente mudou de ideias: “Pensei por um segundo e disse: sabem que mais, eles abateram um drone sem tripulação e nós aquí teríamos 150 pessoas mortas dentro de meia hora. E eu não gostei disso, não achei que fosse proporcional.”

Um risco para a reeleição

O processo poderá não ter sido exatamente este: segundo o “The New York Times”, Trump aconselhou-se com os seus generais, diplomatas, advogados e conselheiros ou até com o pivô da Fox News Tucker Carlson, e terá tido em conta argumentos como o risco que a manobra representaria para a sua reeleição em 2020 ou a incoerência de tomar agora uma decisão que poderia desencadear uma guerra, coisa que Trump não tem querido.

Também à NBC, Trump acabou por garantir por um lado que se entrasse em guerra com o Irão o que aconteceria seria a “obliteração” do país, mas disse não ser isso o que “procura fazer” e chegou a falar na hipótese de haver conversações com algumas “pré-condições”, que não especificou. Mas acabou por mudar de assunto e lembrar o desacordo entre os dois países quanto às questões nucleares. “Se quiserem falar sobre isso, ainda bem. Se não, podem viver por muito tempo numa economia destruída”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate