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Depois de Trump ter dito que não quis matar 150 iranianos, agora é o Irão a dizer que não quis matar 35 pessoas em avião dos EUA

Aparelho do mesmo modelo que o Irão disse que podia ter abatido e que não o fez
Aparelho do mesmo modelo que o Irão disse que podia ter abatido e que não o fez
US NAVY / HANDOUT HANDOUT

Depois de o Irão ter abatido um drone norte-americano, Trump revelou que os EUA tinham um ataque preparado mas que decidiu cancelá-lo porque iria custar a vida a 150 iranianos. O Irão responde agora e garante que podia ter abatido outro aparelho militar norte-americano além do drone. Irão diz que não quer guerra mas que vai defender com tudo o seu território

O Irão assegurou esta sexta-feira que podia ter abatido na quinta-feira outro aparelho militar norte-americano, um avião P-8 com 35 pessoas a bordo, que também violou nesse dia, em simultâneo com o drone derrubado, o espaço aéreo iraniano.

"Poderíamos ter atingido também esse avião, mas abstivemo-nos de o fazer porque a nossa intenção era apenas enviar uma mensagem às forças terroristas norte-americanas na região", afirmou o comandante da força aérea dos Guardas da Revolução do Irão, Amir Ali Hayizadeh.

O comandante explicou, segundo avança a agência oficial IRNA, que o aparelho P8 voava "ao lado" do drone (aparelho aéreo não-tripulado) que foi derrubado na quinta-feira por um míssil terra-ar da força aérea iraniana. Amir Ali Hayizadeh acrescentou que os norte-americanos ignoraram os avisos lançados pelas forças iranianas de que os dois aparelhos estavam a violar o espaço aéreo do país.

A tensão entre o Irão e os Estados Unidos voltou a aumentar na quinta-feira com o derrube do drone, que levou Washington a preparar ataques aéreos retaliatórios, cancelados à última hora pelo Presidente Donald Trump. O chefe de Estado justificou, entretanto, a suspensão dos ataques, que deviam ter visado três locais, por ter sido informado que causariam "150 mortos", o que considerou desproporcionado em relação ao derrube do drone de vigilância marítima RQ-4A Global Hawk da Marinha norte-americana.

Segundo Washington, o drone foi abatido no espaço aéreo internacional no estreito de Ormuz, onde na semana passada dois petroleiros, um norueguês e um japonês, foram alvo de ataques, atribuídos por Washington a Teerão, que nega qualquer responsabilidade nos incidentes.

As autoridades iranianas justificaram esta sexta-feira a sua ação mostrando os restos do drone que foram recuperados nas águas territoriais do Irão. Também apresentaram nas Nações Unidas e na Embaixada da Suíça em Teerão, que representa os interesses dos Estados Unidos, as coordenadas do drone no momento do derrube.

Sobre os dados facultados, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, disse que o drone descolou dos Emirados Árabes Unidos "em modo oculto e violou o espaço aéreo iraniano". Mohammad Javad Zarif afirmou que o Irão não procura uma guerra com os Estados Unidos mas garantiu que irá defender "com zelo" o seu território, águas e espaço aéreo, num momento de crise entre os dois países.

Fontes diplomáticas citadas esta sexta-feira pelas agências internacionais indicaram que os Estados Unidos pediram a realização na segunda-feira de uma reunião à porta fechada do Conselho de Segurança da ONU para falar sobre os últimos desenvolvimentos relacionados com o Irão.

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