Internacional

Assange acusado de mais 17 crimes por publicação de documentos confidenciais na WikiLeaks

Julian Assange chega ao Tribunal de Westminster, em Londres, a 11 de abril de 2019
Julian Assange chega ao Tribunal de Westminster, em Londres, a 11 de abril de 2019
HANNAH MCKAY/Reuters

Pena máxima para o conjunto das acusações é de 175 anos. Assange, que cumpre 50 semanas de prisão no Reino Unido, enfrenta pedidos de extradição dos Estados Unidos e da Suécia

Assange acusado de mais 17 crimes por publicação de documentos confidenciais na WikiLeaks

João Pedro Barros

Editor Online

Julian Assange foi acusado de 17 novos crimes nos Estados Unidos, por alegada violação da Lei de Espionagem norte-americana pela participação na publicação, em 2010, de documentos confidenciais, anunciou esta quinta-feira o Departamento de Justiça. As novas acusações surgem após a instituição ter reaberto o processo contra o cofundador da WikiLeaks, depois de este ter sido detido pela autoridades britânicas na embaixada do Equador em Londres, a 11 de abril, após quase sete anos de exílio.

Assange, de 47 anos, é acusado de ter divulgado centenas de milhares de comunicações e ficheiros sobre as guerras no Afeganistão e no Iraque, incluindo nomes de fontes secretas. Está ainda indiciado pelos crimes de conspiração e de apoio à ex-analista militar Chelsea Manning, que lhe providenciou a informação classificada. Estas acusações juntam-se a uma anterior por alegada tentativa de acesso ilegítimo a uma rede de computadores do Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos EUA.

“As acções de Assange colocaram seriamente em risco a segurança nacional dos Estados Unidos, com benefício para os nossos adversários”, declarou o Departamento de Justiça, em comunicado. A fuga de informação confidencial é considerada “uma das maiores na história dos Estados Unidos". A pena máxima para o conjunto das acusações é de 175 anos.

O jornalismo fica em perigo?

Estas acusações levantam questões sobre a liberdade de imprensa, garantida pela Primeira Emenda à Constituição dos Estados Unidos, e podem complicar as tentativas de extradição por parte de Washington. Também a procuradoria sueca anunciou na segunda-feira que vai emitir uma ordem de detenção, na sequência de uma deliberação de um tribunal de Copenhaga que considera Assange "suspeito de violação".

Barry Pollack, advogado de Assange nos Estados Unidos, disse que as acusações “demonstram a gravidade que a ameaça judicial sobre Julian Assange representa para todos os jornalistas na sua missão de informar o público acerca das ações tomados pelo Governo americano.” Organizações norte-americanas como o Comité de Jornalistas para a Liberdade de Imprensa e a Fundação Liberdade de Imprensa já se manifestaram chocadas, até porque alguma da documentação foi revelada em parceria com órgãos de comunicação social.

A WikiLeaks já reagiu no Twitter, bem como Edward Snowden. Para o antigo analista de sistemas que revelou detalhes dos programas de vigilância do governo dos Estados Unidos, através da Agência de Segurança Nacional, o Departamento de Justiça “acabou de declarar guerra” ao jornalismo e o caso “vai decidir o futuro dos média”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: jpbarros@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate