May diz ter apoio do Governo para novo acordo do Brexit. Falta convencer o Parlamento

Não é provável que as mudanças acordadas pelo Executivo sejam suficientemente amplas para mudar a posição dos deputados britânicos
Não é provável que as mudanças acordadas pelo Executivo sejam suficientemente amplas para mudar a posição dos deputados britânicos
Editor da Secção Internacional
Theresa May garantiu esta terça-feira o apoio do seu Governo para apresentar uma nova proposta de saída da União Europeia. A primeira-ministra espera, assim conseguir por fim a aprovação do Parlamento.
Ao longo de três horas, o Governo do Reino Unido reuniu para discutir os pormenores daquilo a que May chama “proposta ousada” para levar a cabo o Brexit. Está previsto que forneça mais informações esta terça-feira sobre este “novo acordo“.
Não é provável que as mudanças acordadas pelo Governo, cujos membros estão divididos (há mesmo alguns que não escondem o desejo de ocupar o lugar da chefe) sejam suficientes para mudar a posição dos deputados britânicos, que por três vezes recusaram um entendimento sobre a forma de saída da União Europeia. Os chumbos sucessivos tiveram a colaboração de muitos representantes do próprio Partido Conservador, liderado por May
O Reino Unido devia ter deixado a União Europeia em 29 de março, mas a falta de acordo e a vontade do Parlamento de que não haja um Brexit sem acordo, de consequências imprevisíveis, levou a adiamentos repetidos, primeiro para 12 de abril, de pois até 31 de outubro. Daí que o país vá participar nas eleições para o Parlamento Europeu, votando na quinta-feira, 23 de maio.
As conversações sobre o Brexit entre o Partido Conservador e o Partido Trabalhista, a maior força da oposição, voltaram a fracassar, na passada semana. May prometeu que na primeira semana de junho submeterá aos deputados uma proposta de saída que seja aceite por Bruxelas. É provável que esta inclua promessas sobre questões como direitos laborais e proteções ambientais, prioridades dos trabalhistas, liderados por Jeremy Corbyn.
Mas a porta-voz deste partido, Emily Thornberry, já disse que a sua bancada votará contra, a menos que a proposta seja “radicalmente diferente”. Muitos trabalhistas exigem uma união aduaneira com a UE ou um novo referendo a confirmar o plano acordado.
May disse que depois de o Parlamento votar a nova proposta, estabelecerá um cronograma para abandonar funções como líder do Partido Conservador e primeira-ministra. Os eurocéticos do seu partido culpam-na pelo impasse político e querem substituí-la por um defensor acérrimo do Brexit.
Entre os aspirantes ao lugar estão Boris Johnson, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros; Dominic Raab, ex-ministro do Brexit; ou Esther McVey, ex-ministra do Desenvolvimento Internacional.
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