O australiano Brenton Tarrant, acusado da autoria dos ataques a duas mesquitas na Nova Zelândia, recebeu, esta terça-feira, quatro novas acusações: envolvimento em ato terrorista, mais uma acusação de homicídio e mais duas de tentativa de homicídio. A informação foi avançada pela imprensa neozelandesa.
A primeira acusação, que surge na sequência de consultas entre a polícia, conselheiros judiciais e advogados de Christchurch, alegará que o duplo ataque de 15 de março naquela cidade foi um ato terrorista.
No total, o australiano de 28 anos responde por 51 acusações de homicídio, 40 de tentativa de homicídio e uma de envolvimento em ato terrorista.
A polícia reuniu-se com as famílias das vítimas para as informar das novas acusações.
No início de maio, subiu para 51 o número de mortos do ataque na mesquita de Al Noor e no Centro Islâmico de Linwood, depois de um dos feridos ter sido declarado morto. Trata-se de um cidadão turco e da “segunda vítima a morrer no hospital”, segundo informou a primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern.
Tarrant, um nacionalista branco que tinha divulgado um manifesto anti-imigrantes de 74 páginas, transmitiu em direto na internet parte do atentado e reivindicou a responsabilidade pelos ataques.
Mudanças nas leis das armas e o “Christchurch Call”
Em menos de uma semana após o duplo atentado, Ardern anunciou a proibição da venda de todas as armas de assalto e semiautomáticas. “A 15 de março, a nossa história mudou para sempre. Agora, as nossas leis também vão mudar”, disse. A nova proibição também se aplica às peças usadas para converter armas comuns em semiautomáticas de estilo militar.
Em meados de maio, Ardern pediu apoio global para um plano que pretende combater a divulgação de conteúdos violentos e extremistas na internet. A iniciativa, intitulada “Christchurch Call” (Apelo de Christchurch), foi apresentada em Paris, juntamente com o Presidente francês, Emmanuel Macron, e outros líderes políticos e representantes do sector digital.
O documento não inclui quaisquer medidas em termos regulatórios, dando liberdade a cada subscritor para definir as medidas que entende serem necessárias para combater a divulgação de conteúdos violentos e extremistas na internet. Mas apela, por exemplo, às empresas tecnológicas para partilharem mais dados com os governos e reavaliarem os seus algoritmos que permitem aos utilizadores publicarem diretamente conteúdos inadequados.
“Nós sabemos que as plataformas de redes sociais são globais, o que significa que a forma como podemos eliminar os conteúdos extremistas violentos também tem de ser global”, afirmou Ardern.
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