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Trump usa privilégio executivo para impedir que congressistas tenham acesso ao relatório de Mueller na íntegra

Trump usa privilégio executivo para impedir que congressistas tenham acesso ao relatório de Mueller na íntegra
Alex Wong/GETTY

É a primeira vez em toda a sua presidência que Trump recorre a este mecanismo, que permite impedir intimações ou outras intervenções por parte dos poderes legislativo e judicial. Mecanismo é acionado no dia em que Comité de Justiça da Câmara dos Representantes decide se recomenda ou não que o procurador-geral William Barr seja acusado de desrespeito ao Congresso

Trump usa privilégio executivo para impedir que congressistas tenham acesso ao relatório de Mueller na íntegra

Helena Bento

Jornalista

O Presidente norte-americano, Donald Trump, usou na quarta-feira um privilégio executivo destinado a impedir que os democratas tenham acesso ao relatório do procurador especial Robert Mueller, sobre o alegado conluio entre Trump e Moscovo nas eleições presidenciais de 2016, na íntegra.

É a primeira vez em toda a sua presidência que Trump recorre a este mecanismo, que pode ser acionado pelo presidente ou outros membros do governo para impedir intimações ou outras intervenções por partes dos poderes legislativo e judicial relacionadas com a divulgação de informação. De acordo com a CNN, que teve acesso a uma carta enviada por William Barr a Trump, foi o próprio procurador-geral que pediu para ser acionado o mecanismo.

A decisão é anunciada no mesmo dia em que o Comité de Justiça da Câmara dos Representantes vota uma recomendação à Câmara dos Representantes para que esta considere que o procurador-geral William Barr desrespeitou o Congresso ao ter-se recusado a comparecer numa audiência marcada para 2 de maio na Câmara dos Representantes, onde os democratas estão em maioria.

O procurador tinha sido intimidado a comparecer na referida sessão e, aí, explicar a forma como geriu o relatório de Mueller, o qual, na perspectiva dos democratas e antigos procuradores que estiveram em funções em presidências democratas mas também republicanas, contém material incriminatório suficiente para formalizar uma acusação contra Trump por obstrução à justiça e abuso de poder. Daí que se continue a insistir na divulgação na íntegra do documento e sem informação censurada.

A possibilidade de Trump vir a recorrer a este privilégio para travar as exigências dos democratas já tinha sido avançada na terça-feira pelo Departamento de Justiça. Nesse momento, o presidente do Comité de Justiça da Câmara dos Representantes, o democrata Jerrold Nadler, disse esperar que o Congresso não feche os olhos ao “comportamento” de uma administração que, nas suas palavras, “não segue qualquer lei”, e afirmou que o comité a que preside também vai “investigar os responsáveis que estão a permitir que este esquema de encobrir informação se mantenha”.

A Casa Branca respondeu às declarações e, através da sua porta-voz Sarah Sanders, fez saber que “não irá, assim como o procurador-geral William Barr, obedecer às exigências ilegais e irresponsáveis do presidente Nadler”, que “está simplesmente desesperado para distrair as atenções dos americanos da agenda bem-sucedida e conquistas económicas” do Presidente Donald Trump.

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