Para lá da atenção mediática e da euforia em torno do nascimento de mais um bebé real, o nascimento do primeiro filho dos duques de Sussex não muda “absolutamente nada” no que à monarquia britânica diz respeito, avaliou ao Expresso o historiador Lourenço Correia de Matos. “Este nascimento não tira nem acrescenta nada à monarquia como instituição”, considera, sobretudo por representar aquilo que descreve apenas como “uma consequência do casamento”.
O casamento sim, poderia ter significado uma rutura, afirma, mas para o historiador “mesmo o facto de Meghan Markle ser norte-americana e mestiça não chega” para se dizer que isso ocorreu.
“Se olharmos para o que aconteceu anteriormente, não há grande novidade. Do ponto de vista formal, a Inglaterra tem-se adaptado e os casamentos reais têm sido totalmente livres. “Todos têm casado com quem têm querido”, sublinha Lourenço Correia de Matos, pelo que “já não se pode falar em surpresa”.
No fundo, trata-se de não confundir a curiosidade e até o carinho que a família real inspiram, com a possibilidade de este bebé acrescentar o que quer que seja à monarquia, explica o historiador. “Até porque, para o que podemos definir como uma Inglaterra mais séria, ou para as gerações mais novas, há problemas mais graves em cima da mesa, como a questão do Brexit”, conclui.
Se um nascimento real vende? Ai isso vende. “Cada nascimento gera uma enorme entrada de dinheiro”, lembra Correia de Matos. “É uma loucura. Um negócio como outro qualquer”, como atestam os ‘souvenirs’ que já começaram a inundar o mercado. Mas a uns seis distantes lugares da coroa, o bebé de Harry e de Meghan – mesmo que os hábitos americanos da mãe e a origem do sangue dela possam preocupar alguns - não será uma ameaça para a monarquia britânica (nem um trunfo), diz Lourenço Correia de Matos. “Dizia o rei Farouk, do Egito, quando seguia para o exílio: ‘No século XX só restarão cinco reis na Europa, os quatro do baralho de cartas e o Rei de Inglaterra’. Na verdade, a monarquia inglesa é a única que não corre perigo”, assegura o historiador
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