Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, falou ao telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, por mais de uma hora e "muito, muito brevemente" discutiram as conclusões do relatório Mueller, informou a secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, esta sexta-feira.
"Isso foi discutido, essencialmente a parte que referia não ter havido conluio, coisa da qual ambos os líderes estavam muito conscientes muito antes de este telefonema acontecer", disse Sanders aos repórteres na Casa Branca.
A notícia é do “Washington Post”, que teve também acesso a uma carta, datada de 19 de abril, enviada pela Casa Branca ao procurador-geral William Barr na qual fica expresso o descontentamento do presidente Donald Trump sobre as conclusões do relatório de Robert Mueller, o procurador-especial incumbido de procurar provas de conluio entre a equipa de Trump e os russos durante a campanha para as eleições presidenciais de 2016. Nessa missiva, escrita por uma das advogadas da Casa Branca, Emmet Flood, Trump reitera que retém o direito de exercer privilégio executivo sobre o material contido no relatório, apesar de ser agora, na sua maioria, do conhecimento público.
Um dia depois desse “aviso” da Casa Branca, Barr lançou uma versão redigida do relatório. Segundo Flood, o relatório sofre de "defeitos legais extraordinários" e repreendeu Mueller por o documento dizer explicitamente que as conclusões não exoneram Trump sobre alegações de obstrução da justiça.
Esta carta chega ao “Washington Post” um dia depois de Barr ter sido ouvido pelo Comité Judiciário do Senado sobre, precisamente, as partes rasuradas do relatório e o facto de Barr ter afirmado, antes de ser conhecido o documento, que não existiam quaisquer provas de conluio ou obstrução da justiça por parte de Trump e da sua equipa. O procurador-geral explicou por que razão fez essa afirmação e defendeu-se com um robusto conhecimento da lei, mas os democratas continuam a querer levar ao Congresso o próprio Mueller. Há pelo menos dez episódios descritos no relatório do procurador-especial que podem sustentar a continuidade das investigações, agora por parte do Congresso, no que à alegada obstrução diz respeito.
Durante a suas declarações, Barr criticou Mueller por este não ter conseguido afirmar, sem sombra de dúvidas, no seu relatório, que houve de facto crimes cometidos por Trump e/ou por membros do seu núcleo duro.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt