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Procurador-geral dos EUA cancela audição na Câmara dos Representantes sobre relatório Mueller

Procurador-geral dos EUA cancela audição na Câmara dos Representantes sobre relatório Mueller
Salwan Georges/The Washington Post/Getty Images

William Barr foi ouvido esta quarta-feira na comissão judiciária do Senado, controlado pelos republicanos, e rejeitou as críticas à sua decisão de ilibar Trump do crime de obstrução à justiça. Esta quinta-feira, devia testemunhar na câmara baixa, controlada pelos democratas. Após cancelamento, presidente da comissão falou em “completa obstrução do Congresso”

Procurador-geral dos EUA cancela audição na Câmara dos Representantes sobre relatório Mueller

Hélder Gomes

Jornalista

O procurador-geral dos EUA, William Barr, cancelou a audição desta quinta-feira na Câmara dos Representantes sobre a forma como lidou com os resultados da investigação, conduzida pelo procurador especial Robert Mueller, à ingerência russa nas eleições americanas de 2016.

Barr deveria testemunhar na comissão judiciária da câmara baixa do Congresso, controlada pelos democratas, mas acabou por desistir na véspera por não se ter chegado a um acordo sobre o formato da audição.

“É simplesmente parte da completa obstrução do Congresso pela Administração”, classificou o presidente daquela comissão, o democrata Jerrold Nadler. A porta-voz do Departamento de Justiça, Kerri Kupec, disse, por sua vez, que a proposta de Nadler para Barr ser interrogado por advogados da comissão era “sem precedentes e desnecessária”. As perguntas deveriam ser feitas pelos parlamentares, acrescentou.

Barr atacou Mueller no Senado

Na quarta-feira, Barr respondeu a perguntas durante mais de quatro horas na comissão judiciária do Senado (a câmara alta do Congresso, controlada pelos republicanos). O procurador-geral rejeitou as críticas dos democratas à sua decisão de ilibar o Presidente Donald Trump do crime de obstrução à justiça e responsabilizou Mueller por não ter chegado a uma conclusão sobre o assunto.

Na sua primeira audiência no Congresso desde que tornou pública uma versão editada do relatório de Mueller, Barr recusou igualmente as queixas daquele de que tinha divulgado as conclusões da investigação de uma forma incompleta e que provocou confusão pública. O procurador-geral classificou ainda como “um pouco sarcástica” a carta do procurador especial, datada de 27 de março, em que Mueller o exortou a publicar resumos mais amplos da sua investigação, algo que Barr não fez.

Democratas pedem resignação de Barr

Trump aproveitou o resumo inicial do procurador-geral, que ele nomeou, para declarar que tinha sido totalmente ilibado de qualquer acusação de conluio com a Rússia. Vários democratas na comissão do Senado pediram a resignação de Barr, acusando-o de tentar proteger o Presidente, que se recandidata às eleições presidenciais no próximo ano.

O procurador-geral recebeu o relatório de Muller a 22 de março. Quando, dois dias mais tarde, fez o seu resumo, Barr escreveu que a investigação de quase dois anos não concluía que tivesse havido conluio entre a equipa do então candidato presidencial Donald Trump e o Kremlin. E, apesar de Mueller não ilibar Trump no relatório, Barr inferiu igualmente não haver provas suficientes de que o Presidente norte-americano tivesse cometido o crime de obstrução à justiça.

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