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Sudão. Conselho militar de transição e oposição chegam a acordo para autoridade conjunta

Sudão. Conselho militar de transição e oposição chegam a acordo para autoridade conjunta
OZAN KOSE/AFP/Getty Images

O compromisso visa agilizar a saída do impasse político após a deposição do Presidente Omar al-Bashir. No entanto, os manifestantes voltaram a concentrar-se na noite de sábado em Cartum, exigindo a criação de um Governo civil e o fim do conselho militar. A oposição apela à entrada do Sudão no TPI, que emitiu mandados de detenção contra Bashir

Sudão. Conselho militar de transição e oposição chegam a acordo para autoridade conjunta

Hélder Gomes

Jornalista

O conselho militar de transição, atualmente no poder no Sudão, e a oposição alcançaram no sábado um acordo para o estabelecimento de uma autoridade conjunta entre civis e militares.

O compromisso foi alcançado na primeira reunião de uma comissão conjunta, criada na quarta-feira, que reúne representantes do movimento de protesto e do conselho de transição. Segundo a France 24, que cita as agências AFP e Reuters, o acordo deverá agilizar a saída do impasse político em que o país se encontra desde a deposição do Presidente Omar al-Bashir, apeado pelo Exército a 11 de abril após vários meses de contestação nas ruas.

Líder da oposição quer país no TPI “imediatamente”

O líder do principal partido da oposição, Sadiq al-Mahdi, que foi primeiro-ministro no final dos anos 1980, apelou a que o Sudão se junte “imediatamente” ao Tribunal Penal Internacional (TPI). Em declarações aos jornalistas na capital, Cartum, Mahdi acrescentou que a destituição e prisão de Bashir pelos militares, sob pressão da rua, “não foi um golpe de Estado”.

O TPI já tinha emitido mandados de prisão contra o Presidente deposto para que este respondesse a acusações de genocídio e crimes de guerra e contra a humanidade durante o conflito no Darfur, na parte ocidental do Sudão. Bashir rejeitou sempre essas acusações.

Liderado pelo general Abdel Fattah Abdelrahman Burhan, o conselho militar de transição recusa extraditar o Presidente deposto, deixando uma possível decisão nesse sentido para um futuro Governo civil.

Dos protestos pelo preço do pão ao pedido de demissão

Os protestos começaram a 19 de dezembro do ano passado, inicialmente contra o preço do pão, que tinha triplicado, mas rapidamente passaram a exigir a demissão de Bashir, que estava aos comandos do país há quase três décadas.

A partir de 6 de abril, os manifestantes concentraram-se dia e noite à frente do quartel-general do Exército na capital. O Presidente seria deposto e detido cinco dias depois.

Apesar do acordo de sábado, uma multidão voltou a concentrar-se para exigir a criação de um Governo civil e o fim do conselho militar de transição. Os manifestantes pretendem ainda que Bashir e os principais responsáveis do seu regime sejam julgados.

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