Uma ‘chef’ cingalesa, uma advogada britânica, o primo do primeiro-ministro do Bangladesh. Há vítimas de 12 países no Sri Lanka

Atentados terão tido motivação religiosa, mas há vítimas de vários credos, incluindo muçulmanos e budistas
Atentados terão tido motivação religiosa, mas há vítimas de vários credos, incluindo muçulmanos e budistas
Editor Online
Os ataques terroristas deste domingo de Páscoa no Sri Lanka fizeram 321 mortos e mais de 500 feridos, segundo a última atualização. O número de vidas afetadas pelas explosões é muito superior e não escolhe idades, credos ou nacionalidades. Há registo de vítimas de, pelo menos, 12 países, incluindo um português, Rui Lucas, que estava em lua-de-mel. A maioria eram, naturalmente, cingaleses.
Os atentados foram reivindicados pelo Daesh, se bem que não existem ainda dados que confirmem a autoria. Alegadamente, terá sido uma retaliação aos ataques a duas mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia, que a 15 de março vitimaram 50 muçulmanos. Porém, no Sri Lanka também há vítimas mortais que professavam o islamismo.
Cinco empregados do Hotel Cinnamon Grand, em Colombo, morreram quando um bombista suicida fez deflagrar explosivos no buffet de Páscoa da unidade hoteleira. Três deles eram muçulmanos, apurou o “The Guardian”: T. A. A. Yaheya, de 36 anos, M. H. M. Ibrahim, de 23 anos, e M. N. M. Nisthar, de 21 anos. Entre os outros dois empregados contava-se um católico e uma budista, religião professada por cerca de 70% dos habitantes do Sri Lanka.
A 'chef' Shantha Mayadunne era uma celebridade no país, especialmente devido a um programa de culinária que apresentava na televisão, o primeiro do género a ser conduzido por uma mulher no Sri Lanka. Shantha focava-se na confeção de refeições simples e tinha publicado dois livros de receitas. Geria uma escola de culinária, em cujos anúncios se podia ler que cozinhar é “uma obrigação para toda a filha, esposa e mãe”.
Morreu no Hotel Shangri-La, também em Colombo, juntamente com a filha Nisanga, contam jornais locais, também citados pelo “The Guardian”. Poucos minutos antes do ataque, Nisanga (a primeira à direita) publicou uma foto de família do pequeno almoço no Facebook. Shantha Mayadunne é a terceira a contar da direita.
Ben Nicholson é um cidadão britânico que estava de férias com a família no Sri Lanka, para onde tinham voado desde Singapura, onde residiam. Ben regressa agora a casa sem a mulher, Anita, e os filhos, Alex, de 14 anos, e Annabel, de 11. “Felizmente, os três morreram instantaneamente, sem dor nem sofrimento. As férias que estávamos a desfrutar testemunham como a Anita adorava viajar e proporcionar uma vida rica e colorida à família, especialmente às crianças”, declarou, em comunicado. Anita Nicholson, de 42 anos, trabalhava como advogada para uma empresa mineira e, entre 1998 e 2010, foi jurista do Governo britânico.
Zayan Chowdhury tinha apenas oito anos e a sua família era uma das mais importantes no universo político do Bangladesh: era neto de Fazlul Karim Selim, líder da Liga Popular de Bangladesh, o partido do Governo, e primo da primeira-ministra Hasina Wajed. O jornal “The Dhaka Tribune” relata que estava de férias com a família e que tomava o pequeno almoço com o pai, que ficou ferido. A mãe e o irmão mais novo ainda estavam no quarto de hotel.
Estas são apenas mais algumas das histórias de vítimas do atentado terrorista. Já tinham sido referidos relatos como os de Anders Holch Povlsen, o homem mais rico da Dinamarca, que perdeu três dos quatros filhos.
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