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Presidente do Equador acusa Assange de ter usado embaixada como “centro de espionagem”

Presidente do Equador acusa Assange de ter usado embaixada como “centro de espionagem”
Getty Images

Lenín Moreno lamentou que o governo anterior tenha facilitado a Assange equipamentos que lhe permitiram “interferir nos assuntos de outros Estados” e garante que a decisão de retirar asilo ao fundador do Wikileaks não foi influenciada por nenhum outro país

Presidente do Equador acusa Assange de ter usado embaixada como “centro de espionagem”

Mafalda Ganhão

Jornalista

Julian Assange usou a embaixada do Equador em Londres como “centro de espionagem”, denunciou este domingo o Presidente equatoriano, Lenín Moreno, justificando a decisão de retirar a concessão de asilo ao fundador do WikiLeaks.

Em entrevista ao jornal “The Guardian”, Moreno garantiu que a decisão não foi influenciada por nenhum outro país, e lamentou que o governo anterior tenha facilitado a Assange equipamentos que lhe permitiram “interferir nos assuntos de outros Estados”.

“Qualquer tentativa de desestabilizar é um ato censurável para o Equador, porque somos uma nação soberana e respeitamos a política de cada país”, afirmou Moreno, que assumiu a presidência em 2017.

Em relação ao comportamento de Assange , Lenín Moreno descreveu-o como “absolutamente repreensível”, inclusive “inapropriado no que toca à higiene” - algo já alegado pela ministra do Interior do Equador, Maria Paula Romo.

As acusações foram prontamente contestadas pela advogada de Assange.

“Acho que a primeira coisa a dizer é que o Equador fez algumas alegações ultrajantes nos últimos dias, para justificar o que foi um ato ilegal e extraordinário ao permitir que a polícia britânica entrasse numa embaixada“, afirmou Jennifer Robinson.

A advogada disse também, este domingo, que o fundador do WikiLeaks está preparado para cooperar com as autoridades suecas caso peçam a sua extradição, sublinhando que a prioridade é evitar uma extradição para os Estados Unidos.

Preso em Londres, depois de ter sido detido na quinta-feira, Assange vai “contestar e combater” o pedido de extradição, declarou a advogada, sublinhando que a detenção “cria um perigoso precedente para os órgãos de comunicação social e os jornalistas” em todo o mundo.

O australiano é formalmente acusado nos Estados Unidos de associação criminosa com vista a cometer “pirataria informática”, punível com uma pena máxima de cinco anos de prisão. É também acusado de ter ajudado a ex-analista dos serviços secretos norte-americanos Chelsea Manning a obter uma palavra-passe para aceder a milhares de documentos classificados como segredos de defesa.

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