A primeira pedra da catedral de Notre-Dame de Paris tem menos 20 anos do que Portugal. A imponente e rendilhada catedral foi construída por ordem e vontade do rei Luís VII e de Maurice de Sully, eleito bispo de Paris em 1160.
Os dois homens permitiram que a basílica de Saint-Étienne fosse demolida porque queriam deixar a sua marca no destino da cidade, aproveitando o fervilhante bulício da margem direita do rio Sena, lugar de passagem de viajantes e peregrinos, que davam azo a importantes trocas de mercadorias e saber cultural.
Na segunda metade do século XII, em 1163, foi colocada a primeira pedra da catedral de Notre-Dame de Paris, devidamente abençoada pela presença do Papa Alexandre III.
O plano do novo templo – cuja construção durou um século – era minucioso e incluía a construção de uma escola associada à catedral, arruamentos largos que fizessem brilhar as procissões e cerimónias religiosas e a reconstrução do Palácio Episcopal.
No esplendor do Gótico
Depois de Saint-Denis, de Noyon e de Laon, surgiu Notre-Dame a romper o céu com as suas torres pontiagudas por oposição ao arredondado da arquitetura românica.
Depois de concluída, a catedral foi objeto de várias intervenções e renovações e alguns atos de vandalismo nos séculos seguintes.
No conturbado período da Revolução Francesa – a quem a Europa deve muitos dos princípios da Igualdade e Liberdade que hoje tanto prezamos –, o templo foi dedicado ao culto da Razão e usado como armazém.
Os excessos do período revolucionário conduziram ao saque e destruição das 28 estátuas de reis bíblicos – confundidas com estátuas de reis franceses. Só escapou a estátua da Virgem Maria, no portal do claustro.
Napoleão na Notre-Dame
Em 1801, Napoleão Bonaparte assinou um tratado que garantia que o espaço da Notre-Dame seria devolvido à Igreja católica.
Bonaparte escolheu a catedral para cenário da sua coroação como imperador e foi ali que se casou Maria Luísa da Áustria, em 1810.
Três décadas depois, a publicação do romance de Victor Hugo “O Corcunda de Notre-Dame” (um livro que hoje poderia ser lido como um manual contra a discriminação) deu um novo fôlego à Catedral, colocando-a no centro das atenções de muitos leitores.
O templo esteve para ser queimado na Comuna de Paris (1871) mas escapou graças à intervenção de artistas e enfermeiros da vizinhança e talvez graças ao... ‘Destino’ – a palavra escrita em grego com que Victor Hugo começa a sua narrativa.
Notre-Dame também escapou ao fogo da Grande Guerra e saiu quase incólume dos bombardeamentos da II Guerra Mundial. Hoje, o fogo levou-lhe um pináculo e parte da cobertura.
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