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Senado australiano censura deputado que culpou migração muçulmana pelos ataques na Nova Zelândia

Fraser Anning, durante a votação da moção de censura
Fraser Anning, durante a votação da moção de censura
Tracey Nearmy/Getty Images

“A verdadeira causa do derramamento de sangue nas ruas da Nova Zelândia hoje é o programa de imigração que permitiu que fanáticos muçulmanos migrassem” para o país, referiu Fraser Anning no dia dos ataques terroristas a duas mesquitas que fizeram 50 mortos. O voto de censura diz que o deputado tentou “atribuir culpa às vítimas de um crime horrível”

Senado australiano censura deputado que culpou migração muçulmana pelos ataques na Nova Zelândia

Hélder Gomes

Jornalista

O Senado australiano censurou formalmente, esta quarta-feira, o deputado Fraser Anning, por este ter responsabilizado a migração muçulmana pelos ataques às duas mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia, que provocaram 50 mortos no mês passado.

A repreensão, a quinta a ser aprovada pelo Senado na última década, declara que as afirmações do deputado não refletem as posições do Parlamento nem do povo australiano. No próprio dia dos ataques terroristas, Anning disse: “A verdadeira causa do derramamento de sangue nas ruas da Nova Zelândia hoje é o programa de imigração que permitiu que fanáticos muçulmanos migrassem” para o país.

O voto de censura acrescenta que o deputado tentou “atribuir culpa às vítimas de um crime horrível e vilipendiar pessoas com base na religião”. Anning considerou, por sua vez, que a censura constitui “um ataque à liberdade de expressão”.

Um voto contra e três abstenções (incluindo a do visado)

Apenas o senador Cory Bernardi votou contra a moção, enquanto três outros, incluindo o visado, se abstiveram. Embora não implique uma punição efetiva, a censura é vista como uma condenação oficial.

O senador trabalhista Pat Dodson fez uma declaração emotiva ao apresentar o seu voto a favor, falando diretamente para o povo de Christchurch e dizendo “descansem em paz” em árabe.

Mais de 1,4 milhões de pessoas assinaram uma petição exigindo a renúncia de Anning após os comentários feitos a 15 de março. Na altura, a primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, classificou as observações do deputado australiano como “uma vergonha”.

Num incidente amplamente divulgado, um adolescente esmagou um ovo na cabeça de Anning durante uma conferência de imprensa.

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