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Bolsonaro insiste que o Nazismo é um movimento da esquerda

Bolsonaro insiste que o Nazismo é um movimento da esquerda
GALI TIBBON/GETTY

Presidente brasileiro diz concordar com a tese defendida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do seu Governo, contrariando a ideia de que o nazismo é um movimento que derivou da extrema direita

Bolsonaro insiste que o Nazismo é um movimento da esquerda

Liliana Coelho

Jornalista

Durante a visita de quatro dias a Israel, Jair Bolsonaro disse partilhar da visão defendida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros brasileiro, Ernesto Araújo, que considerou que o nazismo é um movimento da esquerda e que essa “ligação deixa a esquerda apavorada”.

Questionado pelos jornalistas, à margem da visita ao Centro Yad Vashem, um memorial de Israel para homenagear as vítimas do Holocausto, o chefe de Estado brasileiro afirmou que não “há dúvida” de que foram os radicais da esquerda que criaram o movimento nazi na Alemanha.

No final, Bolsonaro deixou uma mensagem no livro de honra do museu que visa homenagear os seis milhões de judeus mortos durante a Segunda Guerra Mundial com a seguinte frase: “Aquele que se esquece do seu passado está condenado a não ter futuro.”

As declarações – que contariam a tese de que o nazismo é um movimento que derivou da extrema direita para responder ao comunismo – foram alvo de várias críticas dentro e fora do Brasil. “Negação do óbvio” e do “racionalismo”, “retrocesso” foram algumas das principais críticas às declarações do chefe de Estado brasileiro.

“Quando o que o mundo apresenta é diferente da ideologia adotada por Bolsonaro, ele muda o mundo”, lamentou o historiador Michel Gherman, do Instituto Brasil-Israel e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em declarações ao jornal “Folha de S. Paulo.”

GALI TIBBON/GETTY

Foi este sábado que o MNE brasileiro Ernesto Araújo voltou a defender no seu blogue Metapolítica 17 – Contra o Globalismo que o nazismo era um movimento de esquerda “anti-capitalista, anti-religioso e coletivista.”

“O nazismo era anti-liberal e anti-conservador. A esquerda também é anti-liberal e anti-conservadora. Já a direita foi em alguns casos anti-liberal (durante o Século XIX na Europa, por exemplo), em outros casos anti-conservadora (ou pelo menos não-conservadora, indiferente aos valores conservadores, como no caso do neoliberalismo recente), mas nunca foi anti-liberal e anti-conservadora ao mesmo tempo”, defendeu o governante no último post do blogue.

“Em tal sentido, o nazismo se sente muito mais confortável no campo da esquerda do que no da direita”, concluiu.

Durante a visita a Israel, o Presidente brasileiro teve oportuniade de repetir várias vezes que admira o país e que pretende consolidar as relações bilaterais. Mas, ao contrário daquilo que prometeu durante a sua campanha, Bolsonaro não aproveitou a viagem para anunciar a transferência da embaixada de Israel para Jerusalém, seguindo a medida dos EUA e de outras países. O governante brasileiro fez saber apenas que o país passará a ter uma delegação diplomática em Jerusalém.

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