“Escolhi matá-lo porque me parecia feliz e não suporto a felicidade.” Assim, crua e desarmante, foi a confissão de Said Mechaout após ter ser detido e acusado de matar Stefano Leo, o italiano de 33 anos que não conhecia, mas que apunhalou numa rua de Turim depois de o escolher aleatoriamente entre as pessoas que passavam numa zona junto ao rio Pó.
Mechaout, de origem marroquina e 27 anos de idade, foi identificado pelas autoridades cerca de um mês após o homicídio. Segundo o “Corriere della Sera”, que teve acesso ao inquérito policial, quando lhe perguntaram porque escolheu Leo, explicou que esperou pelo menos 20 minutos no local.
“Nesse sábado, 23 de fevereiro, fiquei a observar os rostos dos transeuntes, os reformados que passeavam os cães, as mães com os seus filhos, os rapazes que conversavam e brincavam em grupos. E depois vi-o a ele, com esse ar ‘feliz e sereno’ que me pareceu insuportável”, afirmou. “Escolhi matar esse jovem porque parecia feliz e não suporto a felicidade”, insistiu.
Empregado numa loja de roupa, o italiano seguia a caminho do trabalho, fazendo o trajeto que percorria diarimente. Usava os auriculares para ouvir música e não se terá apercebido logo das intenções de Mechaout. Apesar de ambos morarem há uns meses na cidade, nunca se tinham visto. Ao ser atacado, o jovem tentou escapar, arrastando-se até umas escadas, mas acabou por morrer no local pouco tempo depois.
As notícias sobre o crime destacam que a Mechaout são conhecidos antecedentes por violência doméstica, além de haver referência a supostos problemas depressivos. Divorciado desde 2015, não há em relação a ele quaisquer registos de morada ou trabalho. Terá sido seguido pelos serviços sociais, mas nenhum problema psiquiátrico foi oficialmente reportado.
A frieza do seu discurso impressionou a polícia. Sem fugir aos detalhes, contou que na manhã do crime começou por comprar uma faca de cozinha numa loja, noutro lugar, tendo depois seguido para a zona onde matou Leo e que escolheu por lhe parecer que daí conseguia “fugir facilmente”. Ainda teve uma discussão com um outro jovem que passeava o cão, tendo-lhe passado pela cabeça matá-lo, mas desistiu da ideia por nessa altura estarem rodeados por muita gente.
“Quis matar um rapaz como eu, para lhe roubar todos os projetos, dos filhos, amigos e familiares”, insistiu.
A crueldade do criminoso chocou a Itália. Através das redes sociais, o ministro do Interior, Matteo Salvini, prometeu que a lei será aplicada : "Não há palavras. Farei todo o possível para que a família do pobre Stefano obtenha Justiça", escreveu.
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