O chanceler Sebastian Kurz disse que as autoridades estão a investigar se o Movimento Identitário da Áustria é uma “organização terrorista”. O presidente do grupo confirma ter recebido uma doação de um Tarrant mas garante não ter “nada a ver com o ataque terrorista”. A Áustria é governada por uma coligação com um partido de extrema-direita
Jornalista
O Governo austríaco revelou esta quarta-feira que poderá desmantelar o Movimento Identitário da Áustria (IBÖ), depois de vir a público que este grupo de extrema-direita recebeu uma doação do principal autor dos ataques de 15 de março a duas mesquitas na Nova Zelândia.
O chanceler Sebastian Kurz disse que as autoridades estão a investigar se o IBÖ é uma “organização terrorista”. “Podemos confirmar agora que houve apoio financeiro e, portanto, uma ligação entre o atacante da Nova Zelândia e o Movimento Identitário da Áustria. A nossa posição sobre isso é muito clara: nenhum tipo de extremismo – seja de islamistas radicais ou de fanáticos da extrema-direita – tem lugar na nossa sociedade”, referiu o chanceler.
O próprio partido de Kurz, o Partido Popular Austríaco (ÖVP), está numa coligação com o Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), de extrema-direita. O presidente do FPÖ e vice-chanceler, Heinz-Christian Strache, já veio dizer que o seu partido “não tem nada a ver” com o Movimento Identitário da Áustria.
Os investigadores confirmaram que o líder do IBÖ recebeu cerca de €1500 do australiano Brenton Tarrant, o autoproclamado supremacista branco, de 28 anos, que foi acusado de homicídio na sequência dos ataques de Christchurch, na Nova Zelândia, que fizeram 50 mortos.
Martin Sellner, que preside ao IBÖ, confirmou na segunda-feira que recebeu um email contendo uma doação “desproporcionalmente grande” de uma pessoa chamada Tarrant. À semelhança do que fez com as outras doações, Sellner enviou uma mensagem de agradecimento, disse, garantindo não ter “nada a ver com este ataque terrorista”. O IBÖ é um grupo anti-imigração pacífico, sublinhou ainda, revelando que o seu apartamento em Viena foi invadido por investigadores que lhe apreenderam o telefone, o computador e outros dispositivos.
Na semana passada, as autoridades austríacas confirmaram que Tarrant visitou a Áustria, alegadamente em novembro, ainda que os pormenores da sua estadia não sejam conhecidos.
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