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Ramy vai tornar-se cidadão italiano

Ramy vai tornar-se cidadão italiano
MIGUEL MEDINA/GETTY

Jovem de origem egípcia que alertou autoridades para o sequestro de autocarro escolar em Itália foi considerado um "herói nacional" por Matteo Salvini, o ministro do Interior que tem pautado o seu mandato por uma forte luta contra a entrada de migrantes no país

Ramy Shehata tem apenas 13 anos mas já é um herói em Itália, país que deverá conceder-lhe, em breve, cidadania. Matteo Salvini, ministro do Interior conhecido pelas suas posições anti-imigração, acabou por concordar esta terça-feira em aprovar o pedido de cidadania de Ramy, filho de imigrantes egípcios que se mudaram para Itália em 2001.

A lei italiana não permite que os filhos de cidadãos imigrantes peçam cidadania antes de atingirem a maioridade mas, segundo Salvini, Ramy “é um herói”, é “como um filho” e “entende bem os valores deste país”.

O adolescente tornou-se o principal protagonista de uma história que poderia ter tido um final infernal, evitado apenas pela sua coragem.

Na semana passada, 51 crianças foram sequestradas por um homem, identificado como o italiano de origem senegalesa Ousseynou Sy, que ameaçou pegar fogo ao autocarro escolar onde seguiam as crianças como forma de alertar as autoridades italianas para as mortes de migrantes no Mediterrâneo. Antes de concluir o ataque, Sy retirou a todos os alunos os telemóveis mas Ramy conseguiu esconder o seu. Ligou ao pai e fingiu estar a rezar em árabe - foi assim que a polícia encontrou o autocarro, com todos os alunos lá dentro, sem ferimentos graves.

Pouco depois de a sua história se ter tornado conhecida começaram a circular notícias de que os serviços de imigração italianos iriam oferecer cidadania ao jovem mas Salvini, de início, mostrou-se relutante em aceitar uma exceção.

Desde que o novo governo tomou posse, em junho de 2018, Itália tem-se vindo a tornar um país muito menos recetivo à entrada de migrantes. Os partidos que foram o governo, A Liga e o Movimento Cinco Estrelas, concorreram num manifesto populista e têm defendido coisas como penalizações criminais para quem “contribua” para o aumento da imigração ilegal. Oferecer emprego ou arrendar um quarto são duas das prevaricações previstas na lei. Além disso, muitos barcos de várias organizações não-governamentais têm sido impedidos de atracar em Itália para evitar que os migrantes que resgatam no Mediterrâneo entrem no país.

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