Entre as mais de um milhão de pessoas que marcharam este sábado em Londres pedindo um novo referendo sobre o Brexit, sob o slogan 'Put it to the People', estiveram vários responsáveis políticos. Todos criticaram ferozmente a forma como Theresa May conduziu o processo de negociação da saída da União Europeia, apelando a uma nova votação que volte a unir o povo britânico.
Tom Watson, número dois do partido trabalhista britânico, foi um deles. “A primeira-ministra diz falar pela Grã-Bretanha. Espreite pela janela, abra as suas cortinas, ligue a televisão, veja esta maravilhosa multidão hoje. Aqui estão as pessoas. Theresa May: tu não falas por nós”, disse Watson. O responsável assumiu ainda que os esforços do Labour para se conseguir um melhor acordo que satisfizesse tanto os partidários da saída como os da permanência na União Europeia falharam e que Theresa May “tornou impossível que quem quer que se preocupe com o emprego, a solidariedade cá dentro e lá fora, a amizade através das fronteiras e entre as comunidades possa apoiar este Brexit”. E defendeu ainda que a única forma de ultrapassar o atual impasse passa pela união entre o Parlamento e as pessoas: “a única forma de voltar a unir o país passa por decidirmos o nosso futuro juntos; deixem que o povo volte a assumir o controlo!”
A primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, afirmou no comício na Parliament Square que “a primeira-ministra e o seu Governo provaram ser incapazes de responder ao resultado da votação de 2016 e é por isso que isto deve agora voltar para as mãos das pessoas”. “É preciso evitar tanto a catástrofe de um não acordo como os estragos que seriam causados pelo mau acordo da primeira-ministra” e apelou à Câmara de Comuns para recuperar o controlo das mãos de Theresa May, conseguindo uma maior extensão do prazo junto da União Europeia para que um novo referendo possa ter lugar.
Já o mayor de Londres classificou a abordagem de May como “caótica e confusa”, tendo levado ao falhanço, o que faz com que não reste outra alternativa se não um novo referendo. O trabalhista Sadiq Khan voltou a alertar para a saída de empresas de Londres que vai crescendo de dia para dia face à indefinição vivida. “Alguns dizem que um novo referendo vai causar novas divisões. Eu discordo: será a oportunidade de que necessitamos desesperadamente para sarar as divisões que só se alargaram desde o referendo”. Anna Soubry, do novo Grupo Independente, dirigiu-se a May reclamando uma nova votação e pedindo à primeira-ministra que “ponha o seu país primeiro”.
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