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Nova Zelândia. Autor do atentado terá estado em Portugal

Nova Zelândia. Autor do atentado terá estado em Portugal
Fiona Goodall/GETTY

“Ainda amamos este país”, diz imã da mesquita de Linwood.O estado é de choque, mas um dia depois do atentado que matou 49 pessoas, há palavras de amor e os habitantes da Nova Zelândia aproveitam este sábado para demonstrações de apoio às comunidades muçulmanas do país. Na rota da viagem pela Europa que levou à radicalização do autor dos atentados terá estado Portugal

Chama-se Ibrahim Abdul Halim e é o imã de Linwood, uma das duas mesquitas de Christchurch, na Nova Zelândia, atacadas sexta-feira. Liderava a oração no momento em que um homem armado matou várias pessoas no templo e hoje quis transmitir ao mundo uma mensagem de amor. “Ainda amamos este país (…) (os extremistas) Nunca vão quebras a nossa confiança”, disse.

No dia seguinte ao atentado que causou 49 vítimas mortais e deixou o país em choque, os neozelandeses estão a multiplicar-se em manifestações de apoio às comunidades muçulmanas locais. A imprensa internacional fala em atos voluntários e ações de boa vontade, como oferecer boleias até aos supermercados, ou acompanhar os vizinhos muçulmanos para eles não se sentirem inseguros.

“O amor sempre vence o ódio. Muito amor para os nossos irmãos muçulmanos”, diz um cartão escrito à mão numa parede de flores ao longo de um quarteirão inteiro no centro histórico da cidade.

E na internet, há troca de informações sobre as restrições alimentares muçulmanas entre os que querem levar refeições a todos os que foram afetados pelos atentados de ontem e às suas famílias.

A primeira-ministra Jacinta Ardern também diz que este ataque tornou a última sexta-feira num dos dias mais sombrios da história do país e foi um ataque contra toda a Nova Zelândia porque o país “representa diversidade, gentileza e compaixão”.

Mas Jacinta Ardern informou que o atirador tinha licença de porte de armas e adquiriu legalmente as armas que usou para cometer os seus alegados crimes, pelo que já defendeu alterações às leis sobre esta matéria no país.

A primeira-ministra confirmou, ainda, que o atirador viajou pelo mundo, passando períodos esporádicos na Nova Zelândia. E o seu gabinete confirma que receberam no ministério uma cópia do manifesto do alegado atirador menos de 10 minutos antes dos ataques. O manifesto foi, alás, enviado, para mais 70 endereços, entre os quais alguns dirigentes políticos.

Quem é Brenton Tarrant

O atirador nos ataques às duas mesquitas já foi identificado como sendo o australiano Brenton Tarrant e foi presente ao juiz, que lhe leu uma acusação de homicídio. Ficou sob custódia e deverá voltar a apresentar-se a tribunal a 5 de abril, para enfrentar uma possível condenação a prisão perpétua.

Nacionalista, branco, Brenton tem 28 anos, odeia emigrantes, transmitiu os crimes em direto, pela internet, aparentemente através de uma câmara montada no seu capacete, e explicou as suas razões num manifesto de 74 páginas, sob o nome “The Great Replacement” (A Grande Substituição), onde explica as suas razões: queria criar “uma atmosfera de medo” “incitar à violência” contra os muçulmanos, vingar-se dos atentados perpetrados por muçulmanos na Europa. Confessa ser admirador de outros extremistas defensores de ideologias supremacistas como Anders Breivik ou Dylan Roof. Explica que se radicalizou numa viagem à Europa, numa rota por vários países que também terá passado por Portugal.

O jornal espanhol ABC, citando este manifesto, diz que “o primeiro acontecimento que levou à mudança (radicalização) foi o atentado de Estocolmo, a 7 de abril de 2017”, quando um camião abalroou várias pessoas na capital da Suécia, causando 4 mortes e vários feridos.

“Sou apenas um homem branco, de 28 anos, nascido na Austrália, numa classe trabalhadora, numa família de poucas posses”, diz Brenton na sua apresentação pessoal no manifesto.

Na sequência deste atentado, que provocou 49 mortos e 48 feridos, em Al Noor e Linwood, pelas 13h40 locais (00h40 em Lisboa) as autoridades do país identificaram mais dois suspeitos já detidos. Um deles, Daniel Burrough, de 18 anos já está sob custódia e acusado de crime de incitação ao ódio racial.

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Este atentando veio também colocar em questão o controlo das redes sociais e da tecnologia, uma vez que as imagens do atentado foram colocadas na internet, em direto, e passaram a circular no Facebook, YouTube e Twitter mostrando um ataque de 17 minutos em que o atirador entra numa mesquita com uma arma semiautomática e dispara contra as pessoas em oração. E o Facebook apenas detetou as imagens do ataque depois de ser contactado pela polícia da Nova Zelândia.

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