Chama-se Brenton Tarrant (é pelo menos assim que se identifica numa conta de Twitter entretanto apagada), tem 28 anos e é australiano. É um dos quatro suspeitos (três homens e uma mulher) sob custódia da polícia da Nova Zelândia, após os ataques a duas mesquitas no país que provocaram pelo menos 49 mortos.
Tarrant, que fez uma transmissão em direto através da Internet de uma parte dos ataques, já assumiu responsabilidade e está acusado de homicídio. Segundo o comissário da polícia neozelandesa, Mike Bush, Tarrant será presente a tribunal este sábado.
O suspeito escreveu um manifesto de 74 páginas que disponibilizou online. No documento começa por citar o poema “Do not go gentle into that good night” do galês Dylan Thomas e, em seguida, descreve as suas motivações: “criar uma atmosfera de medo” e “incitar à violência” contra muçulmanos.
O manifesto, intitulado “The Great Replacement”, ou seja, “A Grande Substituição”, fornece alguns detalhes autobiográficos sobre o autor. Tarrant será originário da cidade de Grafton, no estado australiano de Nova Gales do Sul. “Apoio muitos daqueles que se posicionaram contra o genocídio étnico e cultural. Luca Traini, Anders Breivik, Dylan Roof, Anton Lundin Pettersson, Darren Osborne, etc.”, escreve. Osborne foi condenado a prisão perpétua pelo ataque mortífero contra muçulmanos na mesquita de Finsbury Park, em Londres, em junho de 2017.
De acordo com a "Sky News", a população de Grafton está chocada: Tarrant era considerado "um jovem gentil e educado". Após estudar no liceu local, começou a trabalhar num ginásio, onde fazia horas extra para treinar crianças, conta um antigo chefe.
Em abril de 2010, o pai do alegado terrorista morreu subitamente, vítima de cancro, aos 49 anos. Afetado com a perda, Tarrant terá viajado pelo mundo durante sete anos.
O comissário da polícia admitiu que um dos quatro detidos pode não ter nada que ver com os ataques. As autoridades tentam perceber o envolvimento dos outros dois suspeitos, que estavam na posse de armas de fogo quando foram detidos. Nenhum dos detidos estava sob vigilância policial, acrescentou o comissário.
Quanto às vítimas, sabe-se que um dos feridos acabou por morrer no hospital. A embaixada da Arábia Saudita em Wellington revelou entretanto que um cidadão saudita está entre os feridos, apesar de não correr risco de vida.
O hospital de Christchurch informou estar a tratar quase meia centena de pessoas, incluindo crianças, devido a ferimentos de balas. Os ferimentos vão desde os críticos aos ligeiros. “Devido à natureza de alguns dos ferimentos, muitas pessoas irão precisar de cirurgias múltiplas”, revela a unidade hospitalar em comunicado.
“Cerca de 200 pessoas aguardam notícias dos seus entes queridos. A menos que seja essencial, pedimos às pessoas que não venham visitar os pacientes, uma vez que estamos a tentar reduzir o número de pessoas nas imediações do hospital”, acrescenta.
[Notícia atualizada às 12h30]
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