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Governo espanhol agenda exumação dos restos mortais de Franco para o dia 10 de junho

Governo espanhol agenda exumação dos restos mortais de Franco para o dia 10 de junho
PHILIPPE DESMAZES/AFP/Getty Images

Os restos mortais do ditador deverão ser levados do Vale dos Caídos para o cemitério de El Pardo, mas o Supremo Tribunal ainda pode suspender o ato

O Governo espanhol anunciou esta sexta-feira que os restos mortais de Francisco Franco, caudilho da Espanha entre 1936 e 1975, vão ser exumados do Vale dos Caídos a 10 de junho e levados para o panteão de Mingorrubio, no cemitério de El Pardo, em Madrid, que é propriedade estatal.

Foi a vice-presidente do Governo espanhol, Carmen Calvo, que o revelou, após reunião do Conselho de Ministros. O Parlamento espanhol já tinha aprovado em setembro a proposta do Governo a autorizar a exumação.

Porém, a decisão pode ser suspensa pelo Tribunal Supremo de Espanha, ao qual a família recorreu para evitar a transladação. Os familiares insistem que apenas poderiam considerar a retirada para a catedral de Almudena, em Madrid, que já tinha sido rejeitada pelo executivo, que não quer o corpo do ditador num local onde pudesse ser "enaltecido ou homenageado".

A 27 de fevereiro, um Tribunal de Madrid também suspendeu a licença urbanística para a exumação, por considerar que levantar a pedra de granito de 2000 quilos do túmulo poderia colocar em perigo os operários. Mas o Governo considera que o tribunal não é competente para se pronunciar sobre as decisões emanadas do Conselho de Ministros.

A questão relativa aos restos mortais de Francisco Franco, que está enterrado na basílica do Vale dos Caídos desde novembro de 1975, tem sido alvo de grande polémica desde que o Governo socialista, liderado por Pedro Sánchez, decidiu avançar com a sua exumação. Calvo explicou que a escolha de 10 de junho foi feita "para estar à margem" dos processos eleitorais em curso em Espanha: eleições legislativas em 28 de abril e europeias, regionais e municipais em 26 de maio.

O Vale dos Caídos, a 40 quilómetros de Madrid, é um complexo de edifícios de grande dimensão idealizado e erigido por Francisco Franco para homenagear os mortos da Guerra Civil espanhola, estando o túmulo do ditador, sempre florido, ao lado do fundador do partido fascista Falange, José António Primo de Rivera.

Em nome de uma suposta "reconciliação" nacional, Franco transferiu os restos mortais de 37 mil vítimas - nacionalistas e republicanos - da Guerra Civil para o local que foi inaugurado em 1959 e que é visto como exaltador da ditadura franquista.

O objetivo de retirar os restos mortais de Franco daquele local é que o memorial ao regime franquista se transforme num espaço para a cultura da reconciliação e a memória coletiva democrática, homenageando as vítimas da Guerra Civil e da ditadura.

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