O Brasil vai enviar ajuda humanitária para a fronteira com a Venezuela a partir de sábado, apesar dos protestos do Presidente Nicolás Maduro. O anúncio foi feito esta terça-feira pelo porta-voz presidencial brasileiro, o general Otávio Rêgo Barros, que acrescentou que a entrega e a distribuição da ajuda estão a ser organizadas pelo autoproclamado Presidente interino, Juan Guaidó.
A medida será realizada em parceria com os EUA, detalhou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado. “A ajuda, que inclui alimentos e medicamentos, será disponibilizada em território brasileiro, em Boa Vista e Pacaraima”, para ser recolhida “por camiões venezuelanos conduzidos por venezuelanos”, refere a nota. No comunicado, o Governo brasileiro volta a reconhecer Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, e não Nicolás Maduro, como Presidente do país.
Além do Ministério das Relações Exteriores, também vão participar na ação a Casa Civil, o Gabinete de Segurança Institucional e os ministérios da Defesa, da Agricultura, da Cidadania e da Saúde, entre outros. A logística ainda está a ser definida, avança o jornal brasileiro “O Globo”. “O Brasil junta-se assim a esta importante iniciativa internacional de apoio ao Governo de Guaidó e ao povo venezuelano”, conclui a nota do Itamaraty.
Qualquer tentativa de impor novo Governo “só por cima dos cadáveres” dos militares
Maduro nega que haja uma crise na Venezuela e diz que a operação humanitária é uma encenação orquestrada pelos Estados Unidos com vista a uma invasão do país. Entretanto, as comunicações aéreas e marítimas com as ilhas caribenhas de Aruba, Bonaire e Curaçau foram encerradas por tempo indeterminado. A decisão foi anunciada pelo vice-almirante Vladimir Quintero Martínez, chefe da Zona Operacional de Defesa Integral em Falcón, no noroeste da Venezuela.
Até ao momento, os militares, que reafirmaram o seu apoio a Maduro, impediram a entrada de ajuda humanitária americana na fronteira com a Colômbia. O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, anunciou, ao lado de oficiais superiores, que qualquer tentativa de impor um novo Governo teria de ser feita por cima dos seus “cadáveres”. As Forças Armadas irão bloquear a entrega de ajuda dos EUA e de outros países que reconheceram Guaidó como Presidente interino, acrescentou o ministro, garantindo que os militares “foram destacados e estão em alerta ao longo das fronteiras para evitar quaisquer violações da integridade territorial”.
Maduro é “um fantoche cubano”, diz Trump
Trump descreveu na segunda-feira Maduro como “um fantoche cubano” e acusou “um pequeno punhado” de dirigentes de topo do regime da Venezuela de roubar e esconder dinheiro do país. O Presidente norte-americano apelou aos militares para que abandonem Maduro, dizendo: “Estão a arriscar as vossas vidas e o futuro da Venezuela por um homem controlado pelos militares cubanos e protegido por um exército privado de soldados cubanos.” No dia seguinte, Cuba negou ter forças de segurança na Venezuela. “O nosso Governo rejeita categórica e energicamente esta calúnia”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez Parrilla, em Havana.
Entretanto, Guaidó disse que 600 mil voluntários já se inscreveram para ajudar no sábado nas operações de recolha da ajuda humanitária.
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