Os principais partidos políticos da Austrália foram alvo de um ataque cibernético de um Governo estrangeiro aos servidores do Parlamento do país, revelou esta segunda-feira o primeiro-ministro Scott Morrison. No entanto, o chefe do Governo esclareceu que as investigações ao ataque ainda não encontraram provas de interferência eleitoral.
“Os nossos especialistas de cibersegurança acreditam que um ator estatal sofisticado é responsável por esta atividade maliciosa”, disse Morrison ao Parlamento, citado pela ABC. “Deixem-me ser claro: não há provas de qualquer interferência eleitoral. Colocámos em prática uma série de medidas para garantir a integridade do nosso sistema eleitoral”, acrescentou.
Um porta-voz do Partido Liberal, liderado pelo primeiro-ministro, informou que estavam “a trabalhar de perto com as agências de segurança nesta questão”.
“Não podemos ser complacentes, não estamos imunes”
O impacto sobre os partidos políticos foi descoberto durante uma investigação a uma violação dos servidores do Parlamento no dia 8 deste mês. Os deputados e outros funcionários parlamentares perderam o acesso aos seus emails porque as agências de segurança redefiniram as palavras-passe quando a violação foi detetada. Os ministros e os seus gabinetes não foram afetados porque usam outros servidores.
O líder da oposição e do Partido Trabalhista, Bill Shorten, disse que o seu partido e a coligação governamental têm “uma obrigação conjunta” de proteger a democracia e a segurança nacional. “Não podemos ser complacentes. Não estamos imunes. Como o primeiro-ministro indicou, as instituições do Governo, como as comissões eleitorais, estão bem protegidas mas as nossas estruturas político-partidárias talvez estejam mais vulneráveis”, referiu.
A pista chinesa
Segundo a ABC, as agências de segurança começaram imediatamente a investigar se a China seria responsável pelo ataque. Contudo, o primeiro-ministro recusa pronunciar-se sobre a origem do ataque.
O principal conselheiro de segurança cibernética do país, Alastair MacGibbon, sublinha que ainda é cedo para saber a que tipo de informações os hackers terão tido acesso, destacando a importância de falar publicamente sobre o assunto apenas quando se conhecer a extensão completa do ataque e também por uma questão de “gestão de risco”. “A sofisticação da metodologia usada dá-nos a confiança para afirmar que se tratou de um ator estatal. Há um número limitado de países [suspeitos] mas temos pouca confiança sobre se seremos capazes de declarar publicamente qual pensamos ser”, contrapôs.
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