O procurador-geral da Venezuela pediu nesta terça-feira ao Supremo Tribunal de Justiça que proíba a saída do país de Juan Guaidó, primeiro passo numa investigação mais vasta ao deputado da Assembleia Nacional que, a 23 de janeiro passado, se autoproclamou Presidente interino. Tarek William Saab, que anunciou a decisão através de uma conferência de imprensa, referiu que desde o pronunciamento de Guaidó se verificaram acontecimentos violentos. declarações de governos estrangeiros e iniciativas de congelamento de ativos da República localizados fora da Venezuela, o que configura a prática de crimes "graves" que "atentam contra a ordem constitucional".
Saab anunciou ter feito três pedidos ao Supremo Tribunal, segundo avança o jornal espanhol ABC: a referida proibição de sair do país, o congelamento de contas bancárias de Guaidó e a alienação de bens. As medidas cautelares solicitadas excluem a detenção de Juan Guaidó, algo que tem estado presente nas especulações mais recentes sobre a situação atual na Venezuela. O ABC recorda que Leopoldo López, outro opositor ao regime liderado por Nicolás Maduro, foi detido e condenado a 14 anos de prisão por incitação à violência durante os protestos e revoltas contra o Governo que ocorreram em 2014.
Juan Guaidó já reagiu, no Twitter, dirigindo-se aos responsáveis do Supremo Tribunal de Justiça, dizendo-lhes que o "regime está na sua etapa final". O opositor de Maduro pediu aos juízes do Supremo para pensarem na "carreira, no futuro dos filhos e dos netos", quando tomarem uma decisão sobre o pedido de Saab. "Este processo é imparável", escreveu Guaidó, referindo-se ao processo de queda de regime que está a tentar realizar, como presidente da Assembleia Nacional.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro. Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos. A União Europeia fez um ultimato a Maduro para convocar eleições nos próximos dias, prazo que Espanha, Portugal, França, Alemanha e Reino Unido indicaram ser de oito dias, findo o qual os 28 reconhecem a autoridade de Juan Guaidó e da Assembleia Nacional para liderar o processo eleitoral.
A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana provocou 40 mortos, segundo dados das Nações Unidas. não-governamentais. Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.
Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
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