Dez dias depois do incidente com Julen, o menino de dois anos que caiu num poço em Totalán (Málaga), os mineiros preparam-se para avançar com a etapa final do resgate. Durante a madrugada, as equipas conseguiram escavar um túnel vertical até ao poço onde se acredita que estará o menor, após uma nova dificuldade técnica – um erro de cálculo sobre o diâmetro do buraco – que atrasou os trabalhos.
Os oito elementos da Brigada de Salvamento Mineiro das Astúrias dizem-se preparados psicológica e fisicamente para descer ao fundo do furo, onde irão escavar manualmente os últimos quatro metros de uma galeria vertical até ao poço onde caiu Julen. Segundo o diário “El País”, três veículos da Guardia Civil vão transportar os mineiros para o local para, até ao início da tarde, entrarem em ação. Outra etapa complexa, que poderá demorar entre 20 a 24 horas, segundo alguns especialistas.
No entanto, as autoridades continuam a não avançar com prazos face aos sucessivos problemas técnicos. “Trata-se de uma situação extrema e inédita. Se não estivesse em causa uma vida já se tinham dado por concluídos os trabalhos”, disse ao jornal “El Español” o delegado do Governo da Andaluzia, Alfonso Rodríguez Gómez de Celis, sublinhando que esta operação exigia vários meses de estudos e avaliações do terreno.
“Na verdade, a realidade mostrou-se mais complicada do que a vontade e o esforço dos técnicos. O conhecimento sobre o terreno é insuficiente e superficial. Isso é evidente. ”, frisou, por sua vez, o presidente da Federação Andaluza de Espeleologia, José Antonio Berrocal.
Tensão e cansaço na reta final
Ao mesmo tempo que os pais ainda alimentam a mais pequena esperança em encontrar o filho com vida, vários elementos da equipa já denotam tensão e cansaço nesta reta final – ainda que os principais protagonistas desta etapa, os mineiros, estejam preparados para avançar. Na última noite, o engenheiro que lidera a operação, Ángel García, deu a primeira conferência de imprensa sem direito a perguntas dos jornalistas. Numa curta declaração, o responsável reconheceu os erros de cálculo e não escondeu a frustração face às inúmeras dificuldades técnicas da operação.“Isto não é uma operação de resgate, é uma obra de engenharia humanitária”, declarou o engenheiro.
No local, encontra-se mais de uma centena de operacionais apoiados por várias máquinas, da Corporação de Bombeiros, Proteção Civil, Equipa de Resgate na Montanha de Álora e Granada, Brigada de Salvamento Mineiro das Astúrias, mergulhadores e especialistas de empresas de engenharia nacionais e internacionais.
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