Após sucessivas dificuldades, as equipas de resgate espanholas estão a concluir esta manhã os trabalhos de escavação para abrirem dois túneis verticais paralelos ao furo onde se acredita que estará Julen, o menino de dois que caiu no domingo num poço em Totalán, Málaga.
A operação prosseguiu durante a noite, em contrarrelógio. Estima-se que entre as 12h e as 13h locais (11h e 12h em Lisboa) arranque a perfuração do primeiro túnel paralelo ao poço – com 110 metros de profundidade e cerca de 30 centímetros de largura – para onde caiu a criança. Mas nada é certo.
A nova estratégia surge depois de as equipas terem sido obrigadas na quinta-feira a suspender a escavação de um buraco horizontal, devido à instabilidade do terreno, refere o jornal “Diario Sur”.
Uma máquina de perfuração – com cerca de 75 toneladas – chegou ao início da manhã ao local para ajudar na operação. Por enquanto, os operacionais trabalham com outras máquinas com vista a melhorar os acessos, uma vez que o relevo da zona é muito acidentado.
Chuva dificultará operações
No entanto, a previsão de chuva para as próximas horas e até domingo deverá constituir outro obstáculo. As autoridades já nem avançam com prazos face às inúmeras dúvidas e dificuldades.
“Não vamos parar nem um segundo até encontrar a criança. Ninguém da equipa tem dúvidas de que vamos conseguir retirá-lo dali e desejamos e temos esperança de que seja ainda com vida”, afirmou esta sexta-feira a subdelegada do governo de Málaga, María Gámez, citada pelo jornal “El País”.
Assim que se conseguir abrir um um buraco com cerca de 70 metros, caberá depois aos membros da Brigada de Salvamento Mineiro das Astúrias escavar manualmente os últimos quatro metros para chegar até Julen. Uma operação muito complexa, face à possibilidade de deslizamentos de terra.
Mineiros: “A pressão é imensa”
“O subsolo da zona tem muita rocha, rocha dura. No caso de uma mina poderíamos utilizar explosivos quando as máquinas não conseguem perfurar mais, mas quando está uma vida em causa já não é possível. A pressão é imensa”, explicou um elemento da equipa.
Com o relógio a avançar, aumenta o desespero dos pais que se mantêm no local para acompanhar de perto as operações. José Roselló e Victoria García – cujo filho mais velho, de três anos, morreu em 2017 na sequência de um problema cardíaco – passaram a noite numa tenda da Proteção Civil e já só esperam por um milagre. Ambos têm recebido milhares de mensagem de esperança, incluindo dos bispos espanhóis que garantem que estão a rezar pelo “rápido resgate” da criança. Na quinta-feira, dezenas de vizinhos juntaram-se também numa manifestação de apoio à família de Julen.
No local, encontram-se mais de 100 operacionais apoiados por várias máquinas, da Corporação de Bombeiros, Proteção Civil, Equipa de Resgate na Montanha de Álora e Granada, Brigada de Salvamento Mineiro das Astúrias, mergulhadores e especialistas de empresas de engenharia nacionais e internacionais. Entre elas está uma companhia sueca que localizou o ponto onde estavam os 33 mineiros presos no Chile.
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