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Autoridades espanholas encontram restos biológicos no poço onde bebé de dois anos caiu

Autoridades espanholas encontram restos biológicos no poço onde bebé de dois anos caiu
Europa Press News/GETTY

Criança está desaparecida há mais de 72 horas, depois de ter caído num poço profundo. “Estamos perante um resgate único no mundo. Um poço de 100 metros de altura e cerca de 25 a 30 centímetros de largura, que é praticamente inacessível”

Autoridades espanholas encontram restos biológicos no poço onde bebé de dois anos caiu

Liliana Coelho

Jornalista

As autoridades espanholas anunciaram esta quarta-feira que encontraram restos biológicos no furo onde Julen caiu no passado domingo e que aqueles devem pertencer ao menino de dois anos. Fonte da Guardia Civil disse que vão ser realizados testes de ADN para confirmar essa suspeita. Esta é a informação oficial.

Um responsável do Governo da Andaluzia adiantou, entretanto, que as autoridades já terão confirmado que esses restos biológicos pertencem à criança. “As equipas de resgate encontraram alguns cabelos no túnel e os exames concluíram que pertenciam a Julen. Isso dá-nos alguma certeza de que a criança se encontra ali”, avançou, por sua vez, Alfonso de Celis, delegado do Governo na Andaluzia, em declarações à CadenaSER.

As operações de resgate continuam esta quarta-feira, com reforço de meios, numa tentativa de acelerar os trabalhos quando passam 72 horas desde que o menino de dois anos caiu num poço com 110 metros de profundidade e quase 30 centímetros de largura.

Após terem avaliado várias técnicas, as autoridades continuam a escavar um túnel lateral e horizontal, com uma inclinação de cerca de 15 graus, e outro paralelo para tentar alcançar a zona onde se encontra a criança. Uma operação complexa devido à profundidade e estreitamento do poço, assim como o relevo acidentado da zona. Antes disso, as equipas extraíram areia, rocha e pedra para facilitar a tarefa, refere o “El Confidencial”.

Operação complexa, resgate inédito

Alfonso de Celis destaca os trabalhos inéditos, garantindo que estão reunidos todos os esforços nesta operação de resgate. “Estamos perante um resgate único no mundo. Um poço de 100 metros de altura e cerca de 25 a 30 centímetros de largura, que é praticamente inacessível”, afirmou o delegado do Governo local.

O responsável desvalorizou as críticas dirigidas pela família aos meios envolvidos na operação. “É normal. Estamos perante uma situação infeliz e há que entender a família”, acrescentou.

Numa altura em que diminuem as possibilidades de encontrar a criança com vida, o pai de Julen deu uma entrevista ao jornal “Diario Sur”, lamentando alguns comentários e suspeitas levantadas. “O meu filho está aqui neste poço, ninguém duvide disso. Oxalá fosse eu que estivesse ali enterrado e ele estivesse aqui em cima. Só o quero ter de novo comigo, espero que isso seja possível em breve. Não se devia especular nada, muito menos isto”, afirmou José Roselló.

Pai lamenta suspeitas levantadas

O pai do menino explicou ainda que foi a prima que se apercebeu em primeiro lugar da queda de Julen e alertou os pais, que chamaram imediatamente as equipas de emergência. José Roselló relatou ter ouvido o filho a chorar durante apenas 30 segundos e ainda tentou puxá-lo, pedindo depois para ele se manter calmo. “Mantém-te tranquilo, o papá está aqui e o teu pequeno irmão vai ajudar-nos lá do céu”, disse na altura, evocando o filho mais velho que morreu em 2017, aos três anos, na sequência de um ataque cardíaco.

Os pais não arredam pé do local e são acompanhados por uma equipa de psicólogos – passam as noites dentro de um carro próximo do poço. “Onde poderei estar mais? Aqui. E mesmo assim estou demasiado longe dele”, lamentou.

Mais de 100 operacionais apoiados por várias máquinas, da Corporação de Bombeiros, Proteção Civil, Equipa de Resgate na Montanha de Álora e Granada e mergulhadores e especialistas de empresas de engenharia participam nas operações de resgate.

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