Mais de 40 horas depois, as equipas de resgate espanholas continuam à procura de Julen, o menino de dois anos que caiu no domingo à noite num poço em Totalán, Málaga. Após terem avaliado três técnicas, as autoridades decidiram-se pela abertura de um túnel lateral e horizontal de cerca de 80 metros para tentar alcançar a zona onde se encontra a criança.
Os especialistas – incluindo de 10 empresas de engenharia – acreditam que esta será a estratégia que implica menos riscos. “É o sistema mais seguro, mas não se descarta nenhuma outra hipótese”, afirmou a subdelegada do governo de Málaga, María Gámez, citada pelo jornal “El Confidencial”.
Desde cedo, as equipas estão a extrair areia e terra, mas a operação é complexa devido ao relevo acidentado da zona. Com 110 metros de profundidade e quase 30 centímetros de largura, o furo por onde caiu o pequeno Julen tem uma massa compacta, a cerca de 73 metros, que não permitiu às máquinas que operaram na segunda-feira – durante a tarde e noite – encontrar mais qualquer rasto da criança.
Antonio Sánchez Gámez, proprietário da empresa responsável pelo furo, disse ao diário “El Español” que está “de consciência tranquila”. “Eu fechei o poço com uma pedra que alguém retirou, e depois Julen caiu”, acrescentou o empresário que vai procurar um advogado.
Apenas ao início do dia, as autoridades, com o auxílio de uma câmara, conseguiram encontrar um saco de guloseimas que Julen trazia consigo na altura da queda, como avançou o diário “El País” um dia depois do acidente. Os peritos sublinham que se o tubo da câmara que esteve envolvida na operação tivesse encontrado vestígios de sangue poderia ter ajudado a equipa a perceber o local preciso onde se encontra a criança.
“Passou muito tempo. Isto é uma agonia”
Nesta altura, as autoridades estão a tentar reconstruir o momento da queda do menor para perceber onde estava cada elemento da família nesse instante. Já os amigos questionam porque é que as autoridades demoraram mais de 24 horas para decidir qual a técnica para resgatar Julen. “Passou muito tempo. Isto é uma agonia”, observou um dos amigos da família.
Também o pai de Julen, José Roselló, lamentou os escassos meios utilizados no resgate. “Recebemos muitos tweets de apoio, muitos votos, mas meios nenhuns”, lamentou, desesperado com a espera, em entrevista à estação Telecinco.
Os pais permanecem na zona, acompanhados por uma equipa de psicólogos, enquanto esperam por um 'milagre'. Um milagre que não aconteceu quando, em 2017, José Roselló e Victoria García perderam o filho mais velho, de três anos, que morreu na sequência de um ataque cardíaco.
No local, encontram-se mais de uma centena de operacionais apoiados por várias máquinas, da Corporação de Bombeiros, Proteção Civil, Equipa de Resgate na Montanha de Álora e Granada e mergulhadores e especialistas de empresas de engenharia.
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