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Governo espanhol vai pedir autorização ao Vaticano para exumar ditador Franco

Governo espanhol vai pedir autorização ao Vaticano para exumar ditador Franco
PHILIPPE DESMAZES/AFP/Getty Images

O prior do Vale dos Caídos não autorizou o acesso ao templo para a exumação de Francisco Franco, ali enterrado desde 1975. Apesar dos “inconvenientes causados”, o Executivo mantém “a sua decisão de continuar com o processo de exumação”. Em dezembro, o Supremo Tribunal rejeitou um pedido da família do ditador para a suspensão do processo

Governo espanhol vai pedir autorização ao Vaticano para exumar ditador Franco

Hélder Gomes

Jornalista

O Governo espanhol vai dirigir-se a “autoridades superiores” depois de o prior do Vale dos Caídos, o beneditino Santiago Cantera, não ter autorizado o acesso ao templo para a exumação do ditador Francisco Franco, ali enterrado desde 1975. O diário “El País” escrevia esta quinta-feira que o prior depende, em última análise, do Vaticano.

A Arquidiocese de Madrid evita fazer adensar a polémica e lembra a sua posição oficial: não se opõe à exumação mas apela a um acordo entre o Governo e a família de Franco.

A recusa do prior do Vale, noticiada na quinta-feira, data de 26 de dezembro e surge em resposta ao pedido de autorização obrigatória feito pela ministra da Justiça, Dolores Delgado, para entrar no templo. O prior argumenta que falta o consenso da família Franco e que o assunto ainda está pendente de ação judicial.

Apesar dos “inconvenientes causados pela rejeição do prior”, o Executivo espanhol afirmou, em comunicado, manter “a sua decisão de continuar com o processo de exumação, respeitando cada uma das garantias a que a família Franco tem direito por lei”.

Avanços e recuos

Em meados de dezembro, o Supremo Tribunal espanhol rejeitou um pedido da família para que o Governo suspendesse o processo de exumação enquanto não fosse tomada uma decisão final. Em novembro, o Executivo tinha decidido continuar com o processo de transferência do corpo, apesar do recurso apresentado pela família.

Com a providência cautelar que apresentou, a família de Franco pretendia ganhar tempo, alegando que ainda não tinham sido ouvidos os familiares de todos os que estão enterrados no Vale dos Caídos que, como o ditador, não foram vítimas mortais da Guerra Civil espanhola.

Em setembro, o Parlamento aprovara a proposta governamental a autorizar a exumação dos restos mortais do ditador. Entretanto, ainda não se sabe para onde será exumado o corpo, depois de o Executivo ter recusado a sua transferência para a catedral de Almudena, em Madrid, como propôs a família. Para o Governo socialista, o corpo do ditador não pode ir para nenhum local onde possa ser “enaltecido ou homenageado”.

Francisco Franco foi um militar espanhol que integrou o golpe de Estado que, em 1936, marcou o início da Guerra Civil espanhola, tendo exercido desde 1938 as funções de chefe de Estado, até morrer em 1975, ano em que se iniciou a transição do país para um sistema democrático.

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