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Empresas chinesas encorajam trabalhadores a comprar telemóveis Huawei

Empresas chinesas encorajam trabalhadores a comprar telemóveis Huawei
Tyrone Siu

Entre subsídios e reprimendas, várias são as estratégias que estão a ser utilizadas para apoiar a compra de smartphones do grupo de telecomunicações que está envolto em polémica nos EUA e na Europa.

Contra todas as expectativas, tendo em conta a polémica em que está envolvida, a Huawei não só conseguiu suster as vendas de smartphones este ano como as viu subir quase 31% para os 200 milhões de aparelhos vendidos. Embora não se saiba em que escala, várias empresas chinesas estarão a tentar contribuir deliberadamente para estes números.

Segundo conta a agência France Presse, citada pelo Le Figaro, várias empresas chinesas estão a encorajar os seus trabalhadores a adquirirem telemóveis da Huawei e, em alguns casos, a perseguir quem tem aparelhos de outras marcas como a Apple. Por detrás destas ações está o lema de que as empresas chinesas tudo fazem para apoiar os produtos 'made in China'.

Depois de ter ganho um lugar de destaque na Europa, figurando já entre os colossos das telecomunicações no velho continente, a Huawei tem estado debaixo de fogo. A sua diretora financeira foi presa recentemente no Canadá por suspeita de fraude e é crescente a desconfiança do Ocidente quanto à possibilidade de a Huawei ser utilizada pelos serviços secretos chineses para obtenção de informação. Em vários países europeus, caso do Reino Unido e França, os chineses da Huawei, mas também da ZTE, já foram vetados para as redes 5G. O mesmo aconteceu já na Índia e Austrália, por exemplo, nomeadamente por pressão exercida pelos EUA a parceiros seus naquele país.

Face a esta ameaça, várias empresas uniram-se para tentar atenuar os efeitos no gigante chinês, não se sabe se por indicação governamental ou não. Com abordagens que passam, ou pelo incentivo à compra de smartphones Huawei, via subsídios ou vales de compra, ou mesmo aplicando represálias aos funcionários que possuam iPhones ou qualquer outro tipo de equipamento da norte-americana Apple.

Uma delas, a Fuchun Technology, informou este sábado que "quase 60" dos seus 200 trabalhadores já tiraram partido do prémio oferecido pela empresa - de entre 13 e 64 euros - para comprarem smartphones Huawei. A Chengdu RYD Information Technology diz estar disposta a suportar 15% do custo de um Huawei novo. Em declarações à France Presse, um porta-voz da Chengdu afiança: "nós apoiamos as marcas 'made in China'", assegurando que esta é uma política interna da empresa e não o resultado de directrizes vindas do governo de Pequim.

Outras, como a Mendap, seguem estratégias mais drásticas. Os funcionários que possuam um iPhone serão 'multados' num montante equivalente ao preço do smartphone. "Parem de comprar marcas americanas!", terá sido escrito numa nota interna da Mendap, confirma a France Presse.

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