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Camboja. Dois ex-líderes do Khmer Vermelho considerados culpados de genocídio

Nuon Chea
Nuon Chea
NHET SOK HENG/AFP/Getty Images

O tribunal deliberou que os crimes foram cometidos contra vietnamitas e muçulmanos chan. Nuon Chea e Khieu Samphan são os últimos líderes vivos do regime sangrento de Pol Pot, e já estão a cumprir penas de prisão perpétua por transferências forçadas de pessoas e desaparecimentos em massa. O tribunal condenou-os uma vez mais a prisão perpétua

Camboja. Dois ex-líderes do Khmer Vermelho considerados culpados de genocídio

Hélder Gomes

Jornalista

Dois antigos líderes do regime do Khmer Vermelho foram esta sexta-feira considerados culpados de genocídio por um tribunal de crimes de guerra apoiado pelas Nações Unidas no Camboja. Numa decisão histórica, o tribunal deliberou que os crimes foram cometidos contra vietnamitas e muçulmanos cham.

Nuon Chea, de 92 anos, e Khieu Samphan, com 87, são os últimos líderes vivos do regime sangrento de Pol Pot, e já estão a cumprir penas de prisão perpétua por transferências forçadas de pessoas e desaparecimentos em massa. O tribunal também os considerou culpados de crimes contra a humanidade e outras violações das Convenções de Genebra, condenando-os uma vez mais a prisão perpétua.

Samphan foi considerado culpado por genocídio contra vietnamitas e não contra muçulmanos cham por falta de provas. Os cham são um grupo étnico do sudeste asiático e estão concentrados principalmente no Camboja e no Vietname. Em ambos os países, os cham formam importantes comunidades islâmicas.

Mais de 1,7 milhões de cambojanos, quase um quarto da população, foram assassinados entre 1975 e 1979, quando Pol Pot, conhecido como o “irmão número um”, tentou forçar a transformação do país numa república agrária socialista. Pol Pot morreu em 1998 aos 72 anos quando estava em prisão domiciliária, antes de ser entregue a um tribunal internacional. Alguns afirmam que cometeu suicídio com medicamentos prescritos.

O tribunal da ONU para o Camboja foi estabelecido em 1997 mas a sua atuação tem sido prejudicada pela deterioração da saúde dos réus e pela interferência política. O tribunal condenou apenas três pessoas, e muitos acreditam que o veredicto desta sexta-feira pode ser o último.

O primeiro-ministro Hun Sen, que também foi membro do Khmer Vermelho, alega que novas investigações podem ameaçar a estabilidade do país.

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